segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sair do Euro continua a ser solução.

  Neste estranho país dominado por uma imprensa "suave" face ao poder (como dizia o Presidente da República Cavaco Silva)parece que a crise acabou e que um mar de rosas vai começar.Pode ser que assim seja,mas não acredito.Poucas das questões problemáticas da economia portuguesa foram tratadas nestes dois anos.
 A questão essencial mantém-se.Portugal não devia ter entrado no Euro e não se deve manter, pois só o pode fazer à custa daquilo a que se chama “desvalorização interna” – baixa de salários e regalias de trabalho – uma vez que a desvalorização cambial não é possível – e essa acabará por ser insustentável. Aliás, é o que está a acontecer e os mesmos que criticam o governo por tomar estas decisões – baixas de salários – são os mesmos que cantam loas ao Euro… Mas, a verdade é que há um ponto a partir do qual não se conseguirá mais baixar salários, nem outros custos de produção. Logo só há uma via para fugir do beco sem saída em que entrámos: a saída do Euro.
A saída do Euro não é um drama como muitas vezes se quer apresentar. A história do Euro não é única – já houve várias uniões monetárias e muitas foram desfeitas – e atentando a anteriores separações monetárias poder-se-á aprender alguma coisa e fazer um “roadmap”. Houve 69 saídas de moedas comuns no século passado, que se fizeram sem especial drama. Desde o fim do Império Austro-Húngaro (a partir de 1918, envolvendo entidades como a Áustria, a Hungria, a Checoslováquia, boa parte da ex-Jugoslávia) à saída dos países bálticos do rublo soviético (1990 e anos seguintes-Lituânia, Estónia e Letónia). A mecânica da separação é complicada mas fazível. O problema Europeu é que os países periféricos têm graves desequilíbrios que devem ser confrontados com desvalorização da moeda e a reestruturação ordenada da dívida. A saída do Euro e a desvalorização subsequente acelera as falências (que já estão a acontecer em barda) mas cria um poderoso instrumento na desvalorização cambial e politica monetária que poderão conduzir ao crescimento rápido do país. No fundo, abandona-se a cristalização e rigidez provocadas pelo Euro, permitindo uma flexibilidade de políticas que mais depressa resolvam os desequilíbrios. Não é muito diferente da saída do padrão-ouro que se deu a seguir à Grande Depressão de 1929, que era também um sistema rígido de controlo monetário e teve que ser abandonado face à grave crise e aos próprios efeitos recessivos que se lhe reconheciam.

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