domingo, 30 de junho de 2013

Merkel.Austeridade no estrangeiro,festança de gastos na Alemanha.

     Não sou eu que digo,mas o Der Spiegel,a prestigiada revista alemã que aponta a bizarria da plataforma eleitoral de Merkel para a Alemanha.Enquanto,exige austeridade no estrangeiro,prepara-se para um festim de gastos na Alemanha.E não se diga que é por a economia alemã estar em excelente forma.Na realidade,a economia alemã não está em excelente forma.Apresenta muitos sinais de paragem.O mesmo Der Speigel identifica-os.Por essa mesma razão,nem colhe a habitual teoria que vai estar tudo parado até Setembro,data das eleições alemãs.Se fica tudo parado,pode ser mau para a Chanceler.É evidente que Merkel aprendeu com o seu mentor Kohl que dizia que quando havia muitos problemas ,olhava atentamente para aquário até eles passarem,mas Kohl soube apanhar o comboio da história,Merkel parece perdê-lo.
   A Primeira Guerra Mundial foi feita para controlar a influência alemã.A Segunda Guerra Mundial também.Agora os alemães têm uma influência determinate na Europa,mas têm medo de assumir a responsabilidade,até para não se verem pintados todos com bigodinhos à Hitler.Mas,por outro lado começam a exibir aquela habitual arrogância junker.Este programa eleitoral de Merkel é exemplo claro.Por isso,neste momento,a Alemanha é inimiga de Portugal.É isso que devemos perceber e tentar forjar novas alianças.
  Sei que os Teixieras dos Santos e Vítores Gaspares desta vida vão dizer que a Alemanha é que tem o dinheiro e o poder e por isso temos que lhes obedecer.Acontece que a Alemanha não sabe usar esse poder e está a usá-lo para benefício próprio.
  É verdade que a Alemanha tem Bach( o mais celestial músico do mundo),o melhor sistema de Direito Penal(porque ao anglo-americano tendo ilhas de excelência se vergou à demagogia),belos lagos,excelentes salsichas,arquitectura barroca inigualável e muitas excelentes coisas.Mas,politicamente está,de novo,um perigo...
 

sábado, 29 de junho de 2013

Baixar impostos.Mais vale tarde que nunca.

 De repente,entrou na agenda aquele que parecia ser um tema vedado à discussão: a baixa de impostos.É de facto uma das soluções para uma vigorosa saída da crise:
  A receita para sair da crise é esta e só esta: Aumento da moeda em circulação através de emissão pelo Banco Central e uma política fiscal expansionista (baixa generalizada de impostos) por parte do Governo.
 A política fiscal deve assentar na baixa de impostos e não no aumento da despesa do Estado por variadíssimas razões, sendo que a não menos importante é que tal foi feito em 2007 e 2008 com resultados dramáticos. A recuperação da economia tem que assentar na libertação de disponibilidades para o sector privado, no aumento do seu rendimento, e a forma mais rápida de o fazer é não lhe ir tirar dinheiro através de impostos.
  Portanto,é de aplaudir este renovado interesse na baixa de impostos e dizer "mais vale tarde,do que nunca".A questão tem que se colocar ao contrário do habitual,não se baixa os impostos quando o déficit estiver controlado(como defendem as autoridades ortodoxas em Portugal),baixa-se os impostos para controlar o déficit.É ao contrário.Porque,baixando impostos,há mais dinheiro disponível,mais actividade económica,mais crescimento e logo mais receita,mais emprego e menos despesa social automática (subsídio de desemprego,por exemplo),levando o orçamento mais próximo do equilíbrio do que o corte austeritário.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

E se não sairmos do Euro?

    Geralmente,os que defendem a permanência no Euro são muito violentos na sua argumentação e além de chamarem "burros" a quem quer sair do Euro dizem sempre que essa saída implicará uma enorme desvalorização da moeda,inflação e baixas dos salários.
    A pergunta que se faz hoje é:e quais os custos da permanência no Euro?
    O Governo escolheu uma taxa sobreavaliada para entrar no Euro.Logo,criou problemas de produtividade e competitividade para a economia à partida.
    A estrutura económica portuguesa especializou-se em dois tipos de sectores.Um primeiro sector é o chamado não transaccionável em que pontifica a construção e o imobiliário.Este sector acabou por entrar num conúbio com os Governos promovendo várias obras infra-estruturais de rentabilidade duvidosa,e não contribuiu para qualquer dinamismo económico real ou competitividade internacional,até porque muitas vezes funciona em regime de quase monopólio ou oligopólio.
  O segundo sector,produtivo,especializou-se em metais,equipamentos e material de transporte que têm forte concorrência do Leste Europeu onde simultaneamente há salários mais baixos e mão de obra mais qualificada,ou textêis e vestuários que têm concorrência da China onde os salários são 1/5 dos portugueses.
  Resumindo,neste momento temos uma moeda forte e uma economia fraca com sectores não produtivos ou sofrendo uma concorrência por via de salários baixos.
   É evidente que a resposta teórica é que "temos que subir na escala de valor".Isto é,os nossos salários são mais altos que os da concorrência porque nós somos melhores e fazemos produtos melhores.Está certo,mas esse é um caminho longo,muito longo.O problema é agora.O que fazer?
 

terça-feira, 25 de junho de 2013

A hora do investimento e a realidade.

    Tem anunciado o Governo em momentos de marketing mais ou menos pífios que chegou a hora do investimento.
    Talvez seja essa a intenção governativa,mas ser ou não a hora do investimento depende de factores diferentes da vontade imediata do Executivo.É verdade que Salazar com uma palavrinha a alguns grupos económicos gerou um surto de investimento em Angola nos anos 1960.Mas,o factor determinante foi que a palavrinha de Salazar vinha com uma série de condições favoráveis.
   Em rigor,o que determina o investimento?Não é a vontade.É a taxa de lucro esperada.Os investidores investem(é propositada esta repetição) para ter lucros.Quanto maior o lucro esperado,maior o investimento realizado.Vamos aos números,que é política deste Blog apresentar sempre.A época de Ouro + da economia portuguesa com o maior crescimento do PIB e maior investimento ocorreu entre 1960 e 1973.As taxas de investimento foram elevadíssimas,passaram de 20% do PIB em 1950 para 36% em 1973 o que representou uma das taxas mais altas do mundo.Ao mesmo tempo a taxa de lucro andava pelos (1961-1973) 20% a 25%,chegando em 1965-1967 a quase 30%.Isto quer dizer que a elevadas taxas de investimento correspondiam altas taxas de lucro.Assim,em termos muito simples se há expectativa de lucro há investimento.Se não há expectativa de lucro não há investimento.
 O que o Governo tem que publicitar é como as empresas vão ser lucrativas.Há muitos factores,um deles à partida é impostos baixos.O outro é taxas de juro baixas.Dois meros exemplos.
 Em conclusão,não há investimento sem perspectiva de lucro.

sábado, 22 de junho de 2013

Estatísticas do Blog.

 Comecei a escrever este Blog em 7 de Maio de 2013.Hoje ultrapassei as 4.000 visitas.Precisamente 4.056.Não são os milhões que outros Blogs ostentam.Mas,para um iniciado,sem apoios,nem partidos,nem nada,é muito bom.
  Obrigado!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Portugal e os mercados financeiros.Atenção!

     O objectivo declarado deste governo (e consensual com o PS)é voltar aos mercados financeiros em 2014 com toda a plenitude.Voltar aos mercados quer dizer voltar a pedir dinheiro emprestado ao estrangeiro em montantes avultados.
     Há uma pergunta que tem que ser feita:Voltar aos mercados para quê?Pedir mais dinheiro emprestado para quê?
      Há uma resposta aceitável.Deve-se pedir dinheiro a taxas de juro mais baixas e a prazos mais longos do que os existentes agora, para trocar a dívida.Um exemplo abstracto:devemos 10 à instituição X a serem pagos em 5 anos a uma taxa de 5%.Se conseguirmos um novo empréstimo nos mercados a 10 anos,a uma taxa de 2%,compensa pagar o primeiro e obter o segundo em melhores condições.Para este tipo de amortecimento da dívida vale a pena ir aos mercados.
    Mas,a questão coloca-se com maior ênfase quando a nova dívida for contraída para pagar outros encargos do Estado.De um modo geral responderão que vale a pena.Mas,valerá?Mais dívida para suportar gastos do Estado pode aliviar momentaneamente, mas cria peso, e peso acrescido na economia.E nessa medida há que ter muito cuidado,pois rapidamente se pode cair na falência, novamente.
    Na realidade,o Estado Português talvez não precise assim tanto de se endividar.Vejamos o seguinte.Entre 1902 e 1962 o Estado não foi aos mercados financeiros internacionais.E a economia a partir de  1950 começou por crescer a uma média de 1,8%.Sendo que em 1961 creceu 3,58% e 1962 cresceu  10,52%.A partir do 25 de Abril só em 1992-1993 é que Portugal regressa plenamente aos mercados financeiros internacionais e emite dívida a 10 anos.No entanto,a fase de crescimento da economia já tinha acontecido entre 1986 e 1991.Após essa data só houve um crescimento superior a 5% em 1998.
    Se calhar alguns leitores acham maçador referir números.Mas,é importante para se ilustrarem os raciocínios.
      Não há uma ligação directa entre acesso aos mercados financeiros e crescimento económico-melhoria da vida e bem estar das populações.
    Portanto,o que é necessário são condições para o investimento como boas taxas de lucro,bom clima social,impostos baixos,estabilidade macroeconómica e legal.Os mercados financeiros não são tão importantes,e podem constituír um perigo de endividamento e falência.
     Atenção aos mercados financeiros!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Curta sobre os mercados financeiros.

 Hoje devido ao anúncio de Ben Bernanke,o Presidente da Reserva Federal americana,acerca do fim do "quantitative easing"(o nome em economês chic para emissão de moeda) as taxas de juro da dívida portuguesa subiram.
  Assim,se vê que as taxas de juro portuguesas dependem pouco da política portuguesa e muito dos acontecimentos internacionais.Já a anterior baixa e acalmia se tinha devido às declarações de Mario Draghi no sentido de sustentar o Euro em Junho de 2012.
 Têm mais influência na fixação das taxas de juro portuguesas as acções de Draghi e Bernanke do que todos os movimentos de Gaspar.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Recuperação rápida da crise...

  É evidente que a crise portuguesa não está a ter uma recuperação rápida.Pelo contrário,é uma crise em aprofundamento à espera de um milagre na forma do aumento das exportações para a Alemanha e Espanha.
   A crise está a ser lenta porque os remédios têm sido mal aplicados,quer pela Europa,quer por Portugal.
  Vejamos outra crise.Aquela resultado do fim da Segunda Guerra Mundial.Em 1945 os países europeus estavam devastados pela guerra,falidos,destruídos e com as populações destituídas.Mas,rapidamente recuperaram.A que se deveu tal recuperação rápida? À inteligência de alguns homens que defenderam que a reconstrução isolada dos países europeus demoraria muito tempo,além de poder arrastar para a recessão países com economias fortes (como os EUA nessa altura).Assim,para facilitar a recuperação e não levar outros países para recessão o que se fez?Os países com poder (os EUA)puseram os seus recursos financeiros à disposição dos países destruídos e estes colocaram em comum parte das suas economias.Houve uma dupla perspectiva,por um lado os EUA colocaram meios financeiros à disponibilidade da Alemahna,França e outros,por outro lado estes países ajudaram-se mutuamente e colocaram muitos investimentos em comum.E assim começou um período de ouro no crescimento económico.
  Os mesmos perigos se corriam agora.Tínhamos um país forte ( Alemanha) e vários países com problemas (Europa do Sul) e o perigo destes últimos levarem aquela para uma recessão.O que se deveria ter feito era,mesmo numa perspectiva egoísta para a Alemanha,colocar fundos disponíveis para investimento e rapidamente abrir e reformar as economias.Tudo rapidamente e sem hesitações.
 Nada disto foi feito,e assim vamos perder todos devido à miopia dos dirigentes alemães e portugueses.

domingo, 16 de junho de 2013

Pagar dívidas?Quais e porquê?

   O discurso oficial português é que as dívidas têm que se pagas e o Estado tem que honrar os seus compromissos internacionais.Parece que tais obrigações estão escritas na pedra e são Lei Divina.A realidade é bem diferente.Compete às autoridades dos Estados negociarem e seguirem as melhores políticas para os seus povos.
     Posto isto,há que dizer que o pagamento da dívida não é uma prioridada,como ir buscar dinheiro aos merrcados financeiros também não é.Não quer dizer que tenhamos que ser como a Argentina,como certa esquerda folclórica quer.A Argentina,que era um dos países mais ricos do mundo no início do século XX,hoje,devido aos desvairios peronistas e pós-peronistas é um país sub-desenvolvido.Mas,a Islândia pode ser um exemplo de defesa do interesse nacional a estudar com mais profundidade.
     Também há que relaçar que Portugal esteve sem ir aos mercados financeiros internacionais levantar dívida entre 1902 e 1962 e não foi por isso que em 1950 não começou a época de Ouro do seu crescimento económico que culminou com o acesso à designação de País Desenvolvido em 1990.
    Mas,desçamos a exemplos concretos de dívidas nacionais e do seu tratamento.Quando a II Guerra Mundial terminou a Inglaterra devia a Portugal 80 milhões de libras.Um acordo de pagamento muito suave permitiu que essa dívida fosse paga em parte (15%) com compras à própria Inglaterra e o restante apenas a partir de 1955 (10 anos depois) com uma taxa de juro de 0,75%.Este é um exemplo.A Inglaterra saía duma guerra.E nós estamos numa recessão,quase depressão,actualemente.
   Outro exemplo.57% das importações da Alemanha entre 1947 e 1949 foram financiadas por ajuda externa.
  Portanto,pedir ajuda externa é normal.Todos os países nalguma fase da sua história o fizerem.Negociar o mais possível e as melhores condições também é normal.Não o fazer e dizer que tudo tem que ser cumprido como nos é imposto,só tem sentido se tívessemos ido para uma guerra e perdido,e mesmo assim...
  O mal dos nossos dirigentes é serem ignorantes (talvez saibam economia),e não conhecerem a história,filosofia,política.Também não têm estofo.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O impacto do Euro em Portugal

    Já se percebeu pelo 7.º relatório do FMI que a situação portuguesa continua má e tenderá a piorar.Há que efectivamente perceber o efeito que a pertença ao Euro teve na economia portuguesa,caso contrário poderemos estar condenados a um afundamento eterno.
    O impacto do Euro em Portugal foi a estagnação. O Euro não foi um arranque. Foi uma paragem.Na realidade, após a adesão ao Euro Portugal meteu--se numa camisa-de-forças. Não pode desvalorizar a moeda,a carga fiscal aumentou e a economia não cresceu.A questão é sempre a rigidez que o Euro introduziu na economia. 
       Vamos ver o que se passou.
      Nos momentos mediatamente antecedentes da moeda única, Portugal tinha uma taxa de inflação acima da média pretendida o que implicou uma política de estabilização de preços (contraccionista) em detrimento de uma política de crescimento. Uma vez que não se podia utilizar a política cambial, teve que haver uma política monetária restritiva. A dívida pública também estava um pouco acima do pretendido, bem como o deficit orçamental. Portanto, à partida nada nos “fundamentals” economia natural portuguesa se enquadrava nos chamados critérios de Maastricht. E em termos de economia real era muito pior. Iniciou-se aqui um ciclo de decadência. Era preciso um ajustamento dos termos nominais. Esse ajustamento era necessário, mas não suficiente para o crescimento. As correcções de deficit reduzem salários reais e restringem a procura interna, sem procura interna empresas não investem, a não ser que exportem a maioria dos seus produtos –para isso têm que ser eficientes e competitivas, o que não foram, nem se tornaram em tal.
    Se compararmos números veremos que em 1998 as exportações no valor aproximadamente de € 34.718.000.000 a preços constantes (base 2006) corresponderiam a 31,5% do PIB também a preços constantes (base 2006).Em 2009 as exportações correspondiam a aproximadamente €48.339.000.000 o que significava 30,5% do PIB. Quer dizer que a contribuição das exportações para o rendimento nacional até desceu um pouco. Os efeitos de criação de comércio advenientes da integração Europeia foram remeter
as empresas portuguesas para os sectores não transacionáveis,onde escaparam à concorrência e às necessidades de eficiência. 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

TOMATE emagazine de ideias políticas e culturais.Já saiu o número 4 (Junho de 2013)

O TOMATE emagazine de ideias políticas e culturais já saiu.É o número 4 referente a Junho de 2013.Pode ser visto aqui.É a única revista 100% digital de ideias políticas e culturais em Portugal.Já tem mais de 2.200 assinantes e o anúncio da saída do número 4 foi visto por mais de 69.000 pessoas.Vale muito a pena ver porque é um trabalho único em Portugal.
Neste número,o escritor Pedro Garcia Rosado reflecte sobre a Democracia na Retrete;
A investigadora Salomé Estêvão propõe a abolição da lei sobre todos os casamentos;
Eu defendo uma nova política económica, radicalmente diferente da actual;
Mário José Teixeira presenteia-nos com mais uns cartoons cáusticos;
O jornalista Nelson Nunes discorre sobre o significado da Arte,
José Fernando Tavares apresenta um ensaio sobre a uma nova política do humanismo e não da economia e tecnocracia;
João Dias fala sobre o campeonato de futebol que terminou
Isto e muito mais na primeira e única revista 100% online de política e cultura de Junho.

Bom discurso de Cavaco Silva

  O discurso do Presidente da República em Estrasburgo foi bom,embora,pareça que os órgãos de imprensa tenham dado sobretudo destaque a uns cartazesinhos empunhados por uns deputados bem dispostos.O discurso foi bem mais importante porque focou dois temas fundamentais:os limites da austeridade e o papel do Banco Central Europeu.É de lídima clareza que a austeridade já chegou a um ponto em que é negativa ( e que aliás foi mal executada por ter começado por aumentos brutais de impostos que paralisaram a economia).Também é óbvio que alguma expansão da política monetária tem que ser feita.Foi para isto que o Presidente alertou e pela primeira vez em muitos meses,falou e falou bem.Agora não basta falar.Alguém tem que conduzir o país rumo a uma nova política séria.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Euro no Tribunal Constitucional Alemão.

  Por estes dias,o Tribunal Constitucional Alemão está a averiguar da constitucionalidade da participação do Bundesbank-O Banco Central Alemão-na política anunciada por Mario Draghi de compra de Obrigações Soberanas.Essa política conhecida por OMT(Outright Monetary Transactions)permite que o Banco Central Europeu compre dívida dos Estados da zona Euro,financiando-os deste modo.
  Muitos alemães consideram que a questão é de política fiscal e que em última análise o peso dessas compras cairá no contribuinte alemão,portanto será uma operação inconstitucional.
  É o tema em discussão no Tribunal Alemão que ouviu recentemente dois altos peritos e responsáveis alemães que têm opiniões opostas.
  Por sua vez,o Presidente do Tribunal declarou que a decisão do mesmo será apenas baseada na Lei e não em considerações acerca do sucesso dessa política para estabilizar o Euro.Caso contrário,os fins justificarão os meios,o que é contrário aos Princípios básicos do Estado de Direito Democrático.
 Esta discussão jurídica é fundamental para a manutenção do Euro.Uma decisão negativa do Tribunal Alemão tirará ao BCE o instrumento com que este tem conseguido até agora evitar crises piores.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Fait-divers.

  A crise financeira tem feito Portugal andar de mão estendida de um país para o outro.Tem sido confrangedora a ponte aérea para Angola(sobretudo quando há a ligeira impressão que acabará mal).E tem sido intensa  a tentativa de trazer o Brasil a interessar-se em Portugal.Durante vários anos Dilma Rousseff não se interessou por Portugal,tratou o país de forma condescendente e arrogante.Agora,começa a estar à vista o desastre da política económica de Dilma.O Brasil está a estagnar.O milagre brasileiro mais uma vez foi sol de pouca dura.Porque o grande obreiro desse milagre foi Fernando Henrique Cardoso que estabilizou a moeda,saneou os bancos,reformou a economia,lançou as bases para um país moderno.Lula teve a inteligência de não mexer e não estragar,pelo menos no primeiro mandato.Mas, depois veio o intervencionismo estatatal,o clientelismo,os vícios habituais da esquerda brasileira e o resultado está à vista.O Brasil parou.E por ter parado é que Dilma desembarca na Portela,para vir ajudar o país dela e faz muito bem.Mas, não é amizade,é interesse.Já dizia Lord Palmerston,os países não têm amigos eternos,mas interesses eternos.
 O segundo fait-divers tem a ver com as condecorações do 10 de Junho.Muitos certamente as mereciam,mas surgem outros...Pergunta:qual o contributo do historiador Rui Ramos para Portugal?Tem um doutoramento,escreve bem,publicou uns livros.Isso é certo.Mas,o que é que fez para avançar o país? Que carreira tem que mereça um reconhecimento público tão grande?Não há jusitificação.Isto parece amiguismo e não sentido de Estado.
 Nenhum destes temas tem a ver com a saída do Euro.São fait-divers nos feriados.

sábado, 8 de junho de 2013

8 de Junho 2013.Está a chover.

   Hoje é dia 8 de Junho de 2013 e está a chover.Por isso,o investimento vai descer e a crise continuar.O rei da Tailândia patenteou um método para fazer chover,mas ,que eu saiba,não descobriu um método para fazer sol.Assim,nem o rei da Tailândia nos pode valer.
   A novel teoria da chuva inventada pelo nosso desastrado e desastroso ministro das Finanças é ridícula,e se o ridículo matasse,Gaspar era um homem morto.
   Mas,o problema não é o homem,é a política.Sejamos muito claros:a política de austeridade baseada em aumentos enormes de impostos falhou.Falhou redondamente.
    Este tem que ser um tempo de mudança de política.
   A única política possível e desejável é aquela que assenta em dois factores:
             1-Expansão da moeda-aumento da oferta monetária através da emissão de moeda-que se não for aceite pelos países do Euro,deve implicar a saída do Euro;
        2-Reforma do lado da oferta da economia.Isto quer dizer:flexibilizar o mercado de trabalho(aparentemente já foi feito);diminuir a carga fiscal e para -fiscal sobre as empresas;criar competitividade nos fornecedores de energia,facilitar o capital para as  empresas(ligado à emissão de moeda e estímulo do crédito);
   Naturalmente,que esta inversão de política implica uma equipa refrescada e possivelmente um novo primeiro-ministro eventualmente apoiada por esta maioria.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

1 mês,3030 visitas!

  Faz hoje um mês que foi lançado este blog.Só,sozinho,solitário.Tivemos nesse mês 3030 visitas.Muito obrigado.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

As (falsas)elites e o Euro.

      A maior parte das asneiras de política financeira realizadas em Portugal nos últimos anos foi feita com a justificação que era fundamental não saírmos do Euro.
      Ninguém contestava este postulado,a não ser o PCP e algumas franjas anarquistas.
      Quando eu lancei o meu livro "Helicópteros com dinheiro.Sair do Euro,Sair da Crise" em Janeiro de 2013,alguns jornalistas recusaram-se a fazer-lhe menção por ser "anti-patriótico".Apenas o DIABO teve coragem de fazer uma primeira página com o assunto.Depois surgiu,na esquerda,o livro de Ferreira do Amaral,numa tentativa de apropriação ideológica de um tema transversal.
      Agora as elites do costume (Pires de Lima,Ângelo Correia) parece que começam a soprar sobre o assunto,pelo menos segundo o jornal I.É confrangedor ver como esta gente não pensa,não reflecte,apenas vai dando bitaites,ao sabor das ondas e do vento,tentando não se afundar na tempestade para onde conduziram o barco.
      O problema das elites portuguesas é antigo.Foram elas que nos venderam(literalmente)aos Filipes,que obviamente também tinham alguma legitimidade,força e dinheiro.Raramente,acertam.Agora,depois de nos obrigarem a aceitar o Euro-não houve referendo ou qualquer consulta popular sobre o assunto-começam a tergiversar.
    É claro que não podemos suportar o Euro nas condições actuais e nessa medida é bom que o assunto comece a ser discutido ,sem vergonha,na direita.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A Letónia e o Euro.

 Muito em breve a Letónia será o 18º membro do Euro.Este acontecimento está a ser acolhido como uma grande vitória para o Euro e a Letónia como um caso de sucesso de recuperação financeira através de um "desvalorização interna".Talvez seja ou talvez não.Vale a pena analisar o caso:
  Em 2008 a Letónia entrou numa crise em que o PIB diminuiu abruptamente-10,5%.Foi preciso nacionalizar um importante Banco (Parex Bank,o segundo maior) e pedir um empréstimo ao FMI.
  O governo tinha a possibilidade de desvalorizar a moeda (aliás o FMI aconselhou que tal fosse feito),mas seguiu uma política diferente.Colou a moeda nacional ao Euro e cortou despesas,diminui ministérios.Fez aquilo que se convencionou chamar "desvalorização interna",como em Portugal se está a fazer .O desemprego disparou- alcançou os 22%,o PIB teve quedas imensas.Foi um caos.Até que a situação começou paulatinamente a melhorar.
  Hoje a Letónia ainda tem um desemprego elevado-10%,mas tem o maior crescimento do PIB.É um caso a acompanhar,o bem e o mal.

terça-feira, 4 de junho de 2013

União Europeia.O sonho de Monnet,o desastre de Delors.

        A CEE(Comunidade Económica Europeia)antecessora da União Europeia foi um arranjo resultante da Segunda Grande Guerra Mundial/"Guerra Fria" inspirado pelos americanos e ingleses para garantir a reconstrução rápida das capacidades económicas franco-alemãs.
       O ideólogo "pragmático" da CEE foi o francês Jean Monnet que desenvolveu uma resposta rápida com um embrião de CEE, depois da inquirição do Secretário de Estado de EUA Dean Acheson  ao ministro dos Negócios Estrangeiros francês,relativa ao estabelecimento de uma política coerente francesa para a Alemanha. 
     A proximidade de Monnet com a elite dos EUA era notória.O pai-fundador da CEE era americanófilo e não tinha especiais valores políticos.Os seus compatriotas franceses desconfiavam dele devido à sua lealdade para com os EUA.
    O cerne da questão é que os fundamentos ideológicos e culturais da CEE eram basicamente anglo-americanos (em devido tempo eles deixarão de ser), por isso é natural que uma abordagem pragmática, focada em assuntos estritamente económicos, sem um grande plano, mas com uma abordagem casuística tenha aparecido. 
   Criada a CEE, rapidamente assumiu uma dinâmica própria e a tal metodologia casuística foi sendo substituída por uma “Weltanschauung” que já implicava uma visão global e construtura de uma nova realidade imposta através de um plano. 
     Essa substituição dinâmica dá-se com maior intensidade durante a presidência da Comissão de Jacques Delors  em 1985-1995 que alcandorou o projecto Europeu para um patamar político e de edificação apressada de uma nova realidade – a União, em substituição do Estado-nação. Em termos formais, estes intentos foram traduzidos pelos sucessivos Tratados que desde aí foram impostos: Maastricht (1992) Amesterdão (1997) e de Nice(2001), envolvendo a criação da União Europeia e do alargamentodos objectivos da CEE (depois de 1992: UE-UniãoEuropeia) para assuntos políticos.
     Esta evolução foi desastrada e está a transformar um caso de sucesso num pesadelo.

domingo, 2 de junho de 2013

Daniel Bessa e a arrogância dos cangalheiros.

    Na primeira página da Economia do Expresso o antigo ministro da Economia de Guterres, Daniel Bessa vem,à falta de melhor argumento, dizer que aqueles que defendem a saída do Euro não são honestos.Continua a argumentação terrorista contra a saída do Euro.Quem defende a saída do Euro não  é honesto,não é moderno,quer um país atrasado...
    Não vale a pena perder tempo com Daniel Bessa,que é daqueles que viveu e vive das várias sinecuras do Estado,encostado aos poderes e certamente enquanto foi ministro da Economia terá tido oportunidade para fazer alguma coisa pelo país e não fez.
    Vamos aos factos:A economia portuguesa e o Euro.Portugal desde que aderiu ao Euro não teve crescimento económico.Este é um facto.Portugal desde que aderiu ao Euro não ficou mais competitivo,pelo contrário,ficou menos competitivo,este é outro facto.Portugal desde que aderiu ao Euro não aumentou as exportações.Mais um facto.A adesão de Portugal ao Euro só fez aumentar o Estado e o sector pouco produtivo da economia-construção e imobiliário.
   Estes são os factos resultantes da adesão ao Euro.O resto são conversetas baseadas em raciocínios não comprovados.
  Acresce que Portugal sempre existiu sem Euro.Bem e mal.Os grandes booms do crescimento da economia portuguesa que tornaram o país num país rico aconteceram antes do Euro.Sim,Portugal é um país rico e houve um "milagre português",como houve o japonês ou o coreano.Esses booms aconteceram entre 1950 e 1997 (com algumas interrupções é certo; e o período de "ouro"foi entre 1950 -1973. O boom foi mais acentuado antes do 25 de Abril).Mas,entre 1950 e 1997 a taxa média de crescimento foi de 4% ao ano.Não foi preciso Euro para que tal acontecesse.Pelo contrário,a introdução do Euro acabou com esse crescimento(houve outros factores,mas o Euro é importante).Ademais,há que referir que  há várias formas de estabilizar uma moeda nacional.Basta lembrar o trabalho que foi em Portugal para estabilizar a moeda a partir de 1922.
 Por isso,pergunta-se,Daniel Bessa sabe do que fala?