sexta-feira, 31 de maio de 2013

Desemprego na Europa e Portugal.

 Atenção,o desemprego na Europa começa a aumentar consistente e ameaçadoramente.Veja-se notícia de hoje da BBC.Não se pode afirmar que a culpa é directamente da moeda única,do Euro.Mas,pode-se afirmar que alguma da responsabilidade,ou toda,é da política de austeridade que está a ser imposta à zona Euro e à falta de flexibilidade das políticas económicas nacionais.E assim,indirectamente,o Euro é responsável pelo desemprego porque retirou aos países a capacidade de terem políticas monetárias e cambiais próprias,e agora também políticas fiscais.Ao entregar-se toda a condução económica ao Banco Central e a um Directório dirigido pela Alemanha,retirou-se a flexibilidade nacional.A capacidade de combater o desemprego em cada país.O governo português não combate o desemprego em Portugal  porque não tem qualquer instrumento para isso.Não é uma questão de sadismo ou de neo-liberalismo.Nada disso.O governo português não combate o desemprego porque não pode.Não tem como.Essa é a realidade.E essa realidade advém da entrada no Euro e da perda imediata da soberania monetária e da capacidade para ter política monetária e cambial ( e fiscal como se está a ver).
  E o Desemprego ,a par com a inflação são os fenómenos económicos perigosos.Maus.É muito mais importante combater o desemprego do que equilibrar o déficit.Porque muito desemprego pode implicar uma revolução e o fim de um regime.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Um Plano Rígido sem Euro.A Inglaterra.

  Nem tudo o que vem de Inglaterra é bom,nem tudo o que os ingleses fazem é bem feito.Mas,eles têm uma vantagem:cultivam o espírito crítico e a discussão aberta dos problemas.Assim,é interessante ver o que tem acontecido à economia inglesa nos últimos anos.
  Também eles desde que a coligação conservadora-liberal assumiu o poder optaram, através do seu chanceler(ministro da finanças)George Osborne, por um rígido plano de austeridade do Estado.Cortaram ordenados,despediram funcionários públicos e enviaram a Inglaterra para duas pequenas recessões seguidas.Parece um plano idêntico ao português(nalguns aspectos mais drástico-despedimentos )mas tem muitas diferenças.E essas diferenças ligam-se à moeda.O plano inglês era simples:por um lado extrema austeridade orçamental,por outro expansão da moeda.Isto é,ao mesmo tempo que se cortavam despesas e aumentavam as receitas com vista a diminuir o déficit,emitia-se moeda,colocava-se mais dinheiro a circular na economia,a isto chamou-se Quantitative Easing.Esta dupla política só foi possível porque os ingleses não estavam no Euro e não precisaram de autorização de ninguém,a não ser dos resultados das eleições parlamentares.
  Não tem sido fácil o trilho inglês e também muitas dúvidas tem levantado.Mas,hoje surgem alguns resultados:O déficit que estava num pico de 11% está em 7,8%.Os juros da dívida soberana a 5 anos é de 0,95%.A inflação é mínima 2,4%(ao contrário do que os alemães acham que acontece quando de emite moeda).E a economia está finalmente a crescer.
 Não é o Eldorado,mas parece ser uma política sensível e balanceada de austeridade com crescimento.Um exemplo a atentar e seguir com  muita atenção.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Paul Krugman e a economia portuguesa.


Transcreve o Expresso o recente artigo Paul Krugman acerca da economia portuguesa.Krugman  fala da questão da saída do Euro e, sobretudo, refere que é essencial uma política monetária expansionista e que a cura para estas recessões já é conhecida há décadas.

  Defendo o mesmo no meu livro recente(passe a imodéstia) que foi apresentado na FNAC este mês de Maio. A saída da crise tem que assentar numa política monetária expansionista que por sua vez resulta de um aumento da massa monetária a ser efectuada pelo Banco Central Europeu e abaixamento dos impostos por parte de Governo.

  A síntese do que Krugman disse,segundo o Expresso:

  "O prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, sublinhou hoje que Portugal vive um "pesadelo" económico-financeiro e questionou como é suposto ultrapassar problemas estruturais, igualmente existentes em outros países, "condenando ao desemprego" milhares de trabalhadores.
    Não me digam que Portugal tem tido más políticas no passado e que tem profundos problemas estruturais. Claro que tem, e todos têm, mas sendo que em Portugal a situação é mais grave que em outros países, como é que faz sentido que se consiga lidar com estes problemas condenando ao desemprego um grande número de trabalhadores disponíveis?",O prémio Nobel da Economia comentava no seu blogue um artigo hoje publicado no jornal "Financial Times" sobre as condições "profundamente deprimentes" em Portugal, centrando-se na situação de empresas familiares, que foram até agora o núcleo da economia e da sociedade do país.Para Paul Krugman, a resposta a estes problemas "conhecidos há muitas décadas", reside numa política monetária e orçamental expansionista. 
"Mas Portugal não pode fazer as coisas por conta própria, porque já não tem moeda própria. 'OK' então: ou o euro deve acabar ou algo deve ser feito para fazê-lo funcionar, porque aquilo a que estamos a assistir (e os portugueses a experimentar) é inaceitável".
O economista defende uma expansão "mais forte na zona do euro como um todo", "uma inflação mais elevada no núcleo europeu", tendo em mente que o Banco Central Europeu (BCE), assim como a Reserva Federal Americana, são contra taxas de juro próximas de zero.
"Pode e deve tentar-se aplicar políticas não convencionais, mas é preciso tanta ajuda quanto possível ao nível da política orçamental e não uma situação em que a austeridade na periferia é reforçada pela austeridade no núcleo", frisou.
Mas pelo contrário, reforçou, aquilo a que se tem assistido nos últimos três anos é a uma política europeia "focada quase que inteiramente nos supostos perigos da dívida pública". 
"O importante agora é mudar as políticas que estão a criar esse pesadelo", concluiu."

  Aqui está. 




domingo, 26 de maio de 2013

Euro-política acima da economia.A adesão de Itália.

    Os poucos beneficiários do Euro em Portugal foram os banqueiros que usam gravatas Hermès e as compram em Paris, Madrid e Lisboa. Passaram a conseguir facilmente comparar os preços.
  Um dos erros mais dramáticos de política económica dos últimos anos foi o da adesão de Portugal ao Euro nas condições em que tal foi feito e o unanimismo que quiseram (e conseguiram) criar à volta desse “desígnio nacional”,quando qualquer um veria que era um disparate, nos termos em que foi feito. A adesão ao Euro não foi uma decisão de racionalidade económica, foi uma decisão política.Aliás, ainda recentemente a abertura dos arquivos do governo alemão referentes aos anos de 1994-1998 demonstram que  o governo liderado por Helmut Kohl estava perfeitamente ciente que a Itália não tinha condições económicas e financeiras para aderir ao Euro, mas decidiu essa adesão baseados em critérios basicamente políticos. O
embaixador da Alemanha em Itália à época confirma que existiu uma “flexibilidade construída” entre os decisores políticos quando se tratava da aplicação dos critérios de Maastricht. E da leitura dos vários documentos alemães vê-se claramente que havia a noção que a Itália não tinha capacidade para aderir ao Euro e que as suas contas estavam maquilhadas.No entanto, Kohl decidiu por razões políticas fazer entrar a Itália. Aliás, é bem provável que tal tenha acontecido em outros casos como Portugal.

Notícias breves.

 Hoje ultrapassámos as 2000 visitas! Ao fim de 20 dias de actividade.Esta uma boa notícia.


Vale a pena ler o The Economist desta semana,em especial o artigo sobre o Euro e a Economia Europeia-The Sleepwalkers.Alguém (os políticos que nos governam e as oposições ditas responsáveis)anda a brincar com o fogo e não sabe o que faz.Acredito que haverá um momento em que Portugal e muitos outros só poderão sair do Euro se quiserem salvar alguma coisa.
  Não é importante saber se Miguel Sousa Tavares chamou palhaço ao Presidente da República,
  Não é importante saber se Passos Coelho anunciou mais uma flexibilização do deficit,
  Não é importante saber se a CGTP teve mais ou menos gente na manifestação em Belém,
  Não é importante saber se o Benfica ganha a Taça,
A única coisa que é importante é parar,pensar e sair do Euro.
  

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O futuro do Euro e as vitórias de Gaspar.

  É uma verdade que ao nível dos mercados financeiros e da balança comercial,Vítor Gaspar tem tido algumas vitórias.Embora também seja verdade que a estabilização do Euro,a baixa das taxas de juro das obrigações soberanas portuguesas e um certo retorno aos mercados tenham mais intervenção de Draghi,Presidente do Banco Central Europeu do que do nosso ministro das Finanças.Mas,este fez o que lhe era pedido.Também é verdade que a redução dos desequilíbrios da balança comercial se deve à redução do investimentos e consumos internos e não a qualquer fulgor exportativo ou papel apreciável de Gaspar.E em termos de deficit orçamental,ninguém pode dizer o que se passa...se há sucesso ou insucesso.Parece,no entanto,uma situação descontrolada.
  Mas,com mais Gaspar ou menos Gaspar, ao nível dos mercados financeiros internacionais nota-se uma melhoria em relação a Portugal. No entanto,há um problema que subsiste.E é um problema que já vem de 2000.E continua.E é o âmago da crise.Esse problema é o da falta de crescimento da economia.
  Não adianta ter vitórias financeiras se a economia não cresce.E aqui entramos numa questão política,que não tem nada a ver com Gaspar.A economia não cresce por causa do Euro(entre outros factores fundamentais).Porque entrámos com uma taxa sobrevalorizada para o Euro.Porque não constituímos uma Zona Monetária Óptima com os outros países do Euro.
  Portanto, Gaspar até pode ter vitórias financeiras.Gaspar até pode voltar aos mercados,mas o problema que existia 10 anos antes dele,vai continuar...e assim como haverá apoio político para continuar no Euro.Quem quer ter uma moeda que é um travão ao crescimento?

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O fim do Escudo e as suas consequências.

    Com a substituição do Escudo pelo Euro – que ocorreu entre 1 de Janeiro de 1999 a 1 de Janeiro de 2002 – a economia portuguesa  foi emparedada por políticas económicas que lhe foram muito prejudiciais. A política monetária ficou entregue na sua quase totalidade ao Banco Central Europeu. Só que este não conseguiu ter uma política diferente para cada um dos países que se encontravam  em ciclos económicos diferentes.Já em 2005 Rosemary Radcliffe (ex-economista-chefe da PriceWaterhouseCoopers) ilustrou estes problemas de forma muito clara numa conferência premonitória proferida em Lisboa.De acordo com Radcliffe, na época, Portugal necessitaria de ter uma taxa de juro de 0,5% a 1,5%, enquanto a Grécia precisava de 5%.E a que estava a ser aplicada era Europa de 2%.O que era muito para Portugal coibindo-lhe qualquer crescimento económico significativo através de baixas taxas de juro e pouco para a Grécia, sobreaquecendo a sua economia. Aliás viu-se o resultado desse sobreaquecimento na Grécia…Se Portugal se confrontou com uma política monetária que lhe era adversa e impedia o crescimento sempre poderia adoptar uma política fiscal pró-crescimento, uma vez que não perdera a sua soberania fiscal. Poderia sempre através do orçamento atenuar (aumentando a despesa ou baixando os impostos) os efeitos de políticas monetárias adversas. O problema é que países com finanças públicas débeis como Portugal entraram no Euro por um triz, cumprindo os chamados critérios de Maastricht sem grande margem e por isso mesmo sem amplitude de manobra orçamental. Se pensarmos, desde 2002 que o objectivo da política económica dos governos portugueses foi só um: reduzir o deficit, lançando a economia numa estagnação quase secular. Basta lembrar o infeliz discurso da “tanga”(em 2002) de Durão Barroso  que num clima de crescimento anémico resolveu deprimir a economia anunciando restrições orçamentais, matando qualquer “animal spirits” que existisse no empresariado, utilizando a feliz imagem de Keynes.
   Não há qualquer dúvida que o fim do Escudo é uma das causas principais(embora não a única)da estagnação em que estamos desde 2000.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Um referendo sobre o Euro?

  Com alguma surpresa verifiquei que este BLOG,bem como as referências que lhe são feitas no FACEBOOK do Tomate-emagazine de ideias políticas e culturais  (tomateemagazine@hotmail.com) estão a ser lidos por milhares de pessoas.Calculo que entre as 1.500 e as 10.000.Isto em pouco mais de duas semanas.E sem referências mediáticas.Também,verifiquei que são recebidos muitos comentários.Desses comentários,a larga maioria é contra o Euro.Também,em conversas tenho percebido o mesmo sentimento.O que concluo é que muito provavelmente a permanência no Euro já não conta com o consentimento da população.Este é um assunto que deveria ser levado a sério pelas elites que nos governam (mal).É possível obrigar uma população a ter uma moeda que não deseja?É possível impor essa moeda,quando já não há adesão?
   Acredito,que muito em breve depararemos com a questão da permanência no Euro de forma muito frontal.
   Talvez seja tempo de começar a pedir um referendo sobre a permanência no Euro.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Dois livros sobre a saída do Euro.


Há dois livros sobre a saída do Euro.O meu publicado em Janeiro de 2013 que representa uma visão de direita liberal e anárquica (o que quer que isso seja...) e fora do sistema. E o do Professor João Ferreira do Amaral publicado em Abril de 2013 que representa uma visão que simultaneamente é de esquerda e de dentro do sistema político dominante.Aliás, este livro tem tido ampla cobertura mediática,enquanto que o meu teve somente o interesse do DIABO e do ABC espanhol.A sugestão que se deixa é  ler os dois...

Euro e poder político.Erros de concepção.


Jacques Delors,aquele que foi o mais poderoso Presidente da Comissão Europeia,antes das nulidades que por lá andam,recentemente em entrevista ao jornal inglês Daily Telegraph referiu que o aspecto político fundamental para o sucesso do Euro era o reforço central dos poderes da União Europeia para controlar os desempenhos financeirosdos países. A falta de órgãos políticos centrais europeus com poderes efectivos foi para Delors a grande falha do Euro. Delors argumenta que o Euro esteve defeituoso desde o início pois faltaram poderes europeus centrais para coordenaram as políticas orçamentais dos Estados o que permitiu a alguns países incorrerem em deficits insustentáveis. E acrescenta nessa mesma entrevista que houve uma falha dos líderes europeus de então na execução da construção do Euro porque não quiseram ver as fraquezas fundamentais e desequilíbrios das economias de alguns Estados aderentes.
  Acrescentando que os ministros das Finanças não se quiseram confrontar com nada de desagradável que exigisse uma resolução firme.
   O ponto básico é o seguinte: uma moeda forte e estável tem que ter como suporte um poder estável e forte.
  Se não tem poder não sobreviverá. A moeda romana só sobreviveu enquanto sobreviveu o Império romano. Quando este se tornou fraco e entrou em decadência foi substituída pela troca directa. Há uma ligação entre poder político e moeda. Sem se perceber quem é o poder não há moeda.

   Não disse Delors, mas eu acrescentaria também, que países como Itália, Grécia ou Portugal não tinham condições económicas mínimas para aderir ao Euro. Além de um erro político na concepção do Euro, também há uma deficiência económica profunda na sua estruturação.
  Dois erros no Euro-falta de poder político e falta de capacidade económica de alguns países.

domingo, 19 de maio de 2013

Os primeiros 15 dias.

  Este blog teve 1645 visitas nas suas duas primeiras semanas.É uma média diária superior a 110 pessoas.Também tem gerado muitos comentários no Facebook,na página do Tomate-emagazine de ideias políticas e culturais.


sábado, 18 de maio de 2013

Não há Euro sem emigração.

   Tem sido mediaticamente tratada até à exaustão e com a demagogia e falta de preparação habituais a leva de emigração portuguesa nestes anos que correm.Todos os dias temos notícias de portugueses que deixam Portugal para ir trabalhar noutro país.Esta saída tem sido tratada como uma tragédia e gerado o maior escândalo.
   Só a ignorância e a falta de seriedade dos governantes (anteriores, que aderiram ao Euro)alimenta este alarmismo.Quem soubesse alguma coisa de uniões monetárias saberia que a mobilidade do trabalho  é fundamental para o sucesso de uma moeda única.A partir de um momento que não é possível ter uma política económica específica para Portugal,outra para a Alemanha e outra para Malta, é imperioso encontrar soluções flexíveis.A impossibilidade de políticas económicas diferentes para cada país implica que tenham que ser as pessoas a procurar as diferenças.Assim,se há desemprego jovem em Portugal,mas não há na Alemanha,a teoria diz que os jovens portugueses deviam emigrar para a Alemanha e encontrar lá trabalho.É assim que está previsto o funcionamento de uma moeda única.Há uma deslocação das populações para mitigar a rigidez das políticas económicas.
    Obviamente,tal não foi explicado e por isso gera-se este desconforto com a nova emigração portuguesa.
    Mal,estão aqueles ( e que são a maioria ) que não conseguem emigrar.Ou porque não falam alemão ou porque na realidade a mobilidade na zona Euro não é assim tão grande.
   Assim,não restem dúvidas:a permanência no Euro implica automaticamente a disponibilidade para a pessoa se mover de um país para o outro (como aliás acontece entre os Estados dos Estados Unidos da América).O negativo é essa mobilidade não existir assim tanto,no final de contas.
    

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Música Europeia eterna.Bach.

Bach é o músico que mais perto do céu nos faz chegar e   representa o melhor da Alemanha e da Europa.
Ouçamos o Concerto Brandenburg n.º1.





 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Notícias do Euro.

   A zona Euro está em recessão.Não é só Portugal que está em recessão (ver The Guardian).Esta crise poderá ter muitas causas.Mas,uma certamente estará ligada aos desiquilíbrios trazidos pelo Euro.
   Mas,a Alemanha mantém-se determinada em não aligeirar a pressão e a não permitir um alívio monetário.A única forma de sair da crise rapidamente.(ver Der Spiegel).
   A rigidez no combate à Crise implicará que surjam quebras e falhas que em última análise poderão ser caóticas.

A questão alemã.


No século XVII, Richelieu (1585-1642), o cardeal católico primeiro-ministro francês, apoiava os exércitos protestantes alemães que combatiam os católicos alemães.O cardeal francês fazia isso para manter a Alemanha dividida e fraca. A política externa Europeia, durante séculos, teve como uma das suas constantes a manutenção de uma Alemanha dividida, porque sempre se soube que uma vez unida era demasiado grande e poderosa para os restantes países do continente Europeu.
   O chanceler prussiano Bismarck (1815-1898) teve que vencer militarmente os franceses em Sedan (1870) para unificar a Alemanha.A  política de unificação alemã no século XIX teve duas fases.A primeira económica com a famosa Zollverein (unificação aduaneira e económica) a segunda militar e diplomática,que foi apelidada pelo próprio Bismarck de "sangue e ferro".Portanto,a partir de certo momento os alemães optaram pela força para obter a sua unificação.E com um misto de força e "realpolitik" desenvolveram a sua política futura que culminou nas duas Guerras Mundiais. Há quase uma causa-efeito histórica, já abordada claramente pelo historiador inglês A. J. P. Taylor no seu controverso livro The Origins of Second World War que coloca Hitler como um seguidor de uma certa tradição germânica que a quer tornar a principal potência Europeia.
    Determinadas circunstâncias objectivas tornam a Alemanha um perigo para o resto da Europa. Essas circunstâncias são fáceis de ver: um país enorme e muito rico no centro da Europa, com uma população maior, uma economia dinâmica e um povo trabalhador e industrioso. Só com muitas laços restrições, como
foi feito após a Segunda Guerra Mundial, especialmente através da criação da CEE (Comunidade Económica Europeia), se consegue controlar a tradicional e natural a pulsão alemã.
     Actualmente, é observável um movimento que começou com o chanceler Kohl, mas foi muito acentuado por Schroeder (talvez por acidente) em que a Alemanha se liberta dos espartilhos impostos pela Segunda Guerra Mundial. Não se espera uma invasão militar. Mas não existam dúvidas que os diktats económicos serão constantes, e a unificação Europeia, será uma unificação Alemã.

terça-feira, 14 de maio de 2013

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O euro e a modernidade.

   Muitos intelectuais do regime,como Henrique Monteiro ou Rui Ramos,têm tratado com desprezo aqueles-poucos-que se têm pronunciado pela saída do Euro afirmando que são facilitistas e estão a desistir da modernidade.O argumento é mais ou menos o seguinte:o Euro é o passaporte para um Portugal moderno,com futuro,com ambição,integrado na Europa.É a via para escaparmos do passado atávico e atrasado.Portanto,quem é moderno e quer futuro para Portugal está com o Euro,quem é antiquado e não quer futuro para Portugal está contra o Euro.
   Este argumento é forte e interessante,mas não é verdadeiro.Euro e modernidade não são conceitos idênticos.Pelo contrário,é um argumento que faz lembrar outro a propósito de outra ideia moderna-o comunismo na União Soviética nos anos 1920s.Também aí o comunismo soviético era apresentado como a alvorada da nova humanidade.O repórter americano Lincoln Steffens embriagado pela modernidade soviética proclamou " I have seen the future, and it works"referindo-se à União Soviética...Que futuro! Que belo funcionamento,milhões de vidas perdidas depois!
   Aqui em Portugal,Ramos e Monteiro também viram o futuro e acham que funciona.
  O problema é que desde que aderiu ao Euro, Portugal não teve presente,quanto mais futuro.A economia não cresceu.O Estado cresceu e faliu.O bem-estar que tinha sido conseguido com saltos de expansão nos anos 1960-1970 e 1985 e seguintes parou e tortuosamente estrangulou-se.Entre 2001 e 2010 a economia cresceu 0,7% em média.Isto é,nada!E o comportamento das exportações não foi melhor.Não houve acréscimos significativos de comércio.Apenas o Estado, a Banca e as Construtoras ( e negócios afins) beneficiaram da liquidez aparente trazida pelo Euro.Não houve modernidade( o que quer que isso seja).Portanto,os factos,sempre os factos, demonstram que o futuro não funciona.O Euro não funciona em Portugal.Pelo menos,assim.

sábado, 11 de maio de 2013

O mais importante juiz quer sair do euro.

 Noronha do Nascimento afirmou hoje ao Expresso que Portugal deve sair do Euro,acompanhado por outros países do Sul e também falou do perigo trazido pelo ressurgimento prussiano.
 Noronha do Nascimento é juiz e Presidente do Supremo Tribunal de Justiça.É o mais importante juiz do país.As afirmações dele são muito importantes por vários motivos:
  1-O Presidente do STJ é uma pessoa inteligente e que pensa e não um desses borra-botas que andam para aí a falar sobre tudo.
  2-É a quarta figura do Estado e lidera um dos poderes do Estado-o poder judicial.Nessa medida,é a primeira vez que um dirigente da República Portuguesa defende a saída do Euro.
  
  Com muita imodéstia chamo a atenção para o meu livro "Helicópteros com Dinheiro-Sair do Euro,da Crise e Mudar o Estado" em que defendo exactamente o mesmo.A saída do Euro acompanhada pelos países do Sul (p.46 e 47) e a Questão alemã( p.66-67).

3 dias,600 visitas.

   O blog Sair do Euro começou bem.Em 3 dias,tivemos mais de 600 visitas.Obrigado.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Os Comediantes

   Os Comediantes são pessoas como Manuela Ferreira Leite , Jorge Miranda ou Bagão Félix que querem tudo e não explicam nada.Querem ficar no Euro,querem cumprir a Constituição,não querem austeridade,não querem baixar salários,não querem baixar preços,não querem mais impostos?Será que não percebem que umas coisas contradizem as outras.
     Para ficarmos no Euro temos que diminuir o diferencial de competitividade com a Europa (temos que fazer mais com menos),para diminuir esse diferencial(em pouco tempo)temos que realizar a chamada "desvalorização interna"-baixar salários,preços e cortar despesa.Caso contrário,como ficamos no Euro?Só com um financiamento constante dos outros-( que já disseram que não estão dispostos)...
    As alternativas com que deparamos são duras e penosas.Baixar o diferencial de produtividade (com cortes ,baixas de preços e -sim-mudança da Constituição)ou sair do Euro.O resto é uma comédia.

Novos problemas estruturais na Economia Portuguesa e o Euro.

 A união de uma economia com outras pode ser perigosa quando os recursos libertados ou não são utilizados ou são utilizados em sectores protegidos e ineficientes e quando a generalidade dos bens que é produzida no estrangeiro unido é mais barata.
   O país deixa de produzir quase tudo, fazendo apenas aquilo que não é transaccionável, que não pode ir buscar ao estrangeiro.Foi o que aconteceu a Portugal.O imobiliário, em que assentou boa parte da economia portuguesa nos últimos anos é um exemplo típico do afirmado. Desde 1990 baixou abruptamente o número de pessoas empregadas nas pescas e indústrias, enquanto na as empregadas na construção e imobiliário subiram. Em 1990 havia cerca de 210.000 trabalhadores no sector da construção enquanto em 2009 havia 472.000. E na área imobiliária em 1990 havia 74.000 empregadas e em 2008 637.000.
 Os ganhos de emprego no sector privado provenientes da integração deram-se essencialmente na construção e imobiliário, enquanto em actividades directamente produtivas o número de empregados baixou.
  Ao mesmo tempo é de realçar as subidas grandes de emprego em Educação e Saúde, sectores públicos em que o Estado investiu fortemente, com resultados discutíveis (pelo menos na Educação).
  Isto quer dizer o quê? Quer dizer que foram os sectores não transacionáveis e o Estado que se expandiram com a integração económica . 
  Houve um acantonamento da economia portuguesa e uma fuga à concorrência.Agora há uma economia distorcida e um Estado torto que não aguentam a disciplina imposta pelo Euro.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A questão da política monetária europeia.

 O problema que se está a colocar,muito grave,é o da quebra entre as decisões de baixa das taxas de juro do Banco Central Europeu e as economias reais do Sul.Quando um Banco Central baixa a taxa de juro,tal deveria implicar um aumento do crédito na economia real e da massa monetária com o correspondente estímulo.Ora,isso não está a acontecer em relação aos países do Sul.Sendo a moeda única,surgem distinções subtis.Ver o artigo no Economist que explica muito bem a situação.

Expresso:Henrique Monteiro.A favor do Euro.

  Bom artigo,este de Henrique Monteiro do Expresso a favor do Euro.Não há dúvida que a questão é muito política.Mas,a economia?

Porque surgiu o Euro?

 O Euro foi a condição que François Miterrand Presidente da República Francesa colocou a Helmut Kohl para aprovar a unificação alemã.Pensava Miterrand que com uma moeda única ataria os ímpetos tradicionais germânicos.No fundo,quis repetir o desenho da CECA,a Comunidade do Carvão e Aço realizada entre a Alemanha e a França após a II Guerra Mundial.A CECA foi feita para se colocar em comum as duas matérias primas motoras da guerra de então-o carvão e o aço e evitar-se mais guerras entre a França e a Alemanha,submetendo-se as matérias primas alemãs a uma supervisão comum.
 Este o fundamento político do Euro,e que é mais importante que o fundamento económico.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Reflexão acerca de Artigo sobre o Euro na Bloomberg

Bloomberg-As terríveis escolhas da Europa.Saída provisória do Euro

  A Bloomberg apresenta  um artigo de Clive Crook que é relevante,não pelo que ele diz,mas pelas referências que faz de uma conferência de Hans-Werner Sinn,o líder do Instituto de Pesquisa Económica Alemã.Diz Sinn que o problema essencial da zona euro é o gap de competitividade,i.e. haver uns país que fazem mais por menos(Alemanha,etc) e outros que gastam muito para fazer menos(Grécia,Portugal).Esse gap pode ser resolvido segundo três soluções,todas más.A primeira é a emissão de moeda pelo Banco Central Europeu(pretendendo ter efeitos nas economias periféricas).Essa possibilidade não é aceitável para a Alemanha.A segunda solução é existir um alto desemprego que seja acompanhado por reformas estruturais.Este processo é penoso e lento,mas permitirá baixar salários e preços.Baixando os salários e preços em Portugal o gap de competitividade diminui.A outra opção é a saída (talvez temporária) do Euro que permitirá uma desvalorização rápida.

 A questão é que o problema da anemia portuguesa resolve-se ou através da emissão de Euros(não é muito possível) ou da baixa de salários e preços acompanhada de alto desemprego,um processo penoso(é o que está a acontecer).A alternativa de um ajustamento mais rápido é a saída do Euro

Emissão de dívida.Boa,mas.............

  Anunciada com trompetes foi ontem emitida dívida portuguesa a 10 anos.A taxa de juro foi de 5,6%.Três reflexões suscita esta emissão:
  1-A dívida tem que ser paga.Quando não há crescimento económico,não há rendimento para pagar dívida.
  2-A taxa de juro é razaovelmente elevada.Não é "sustentável" (como agora se diz a propósito de tudo)no médio prazo.
  3-O diferencial da taxa de juro face a outros países (por exemplo: a Alemanha)é enorme.Vamos pagar mais 1,2 mil milhões de euros de retorno do que pagaria a Alemanha.Isto quer dizer que o Euro em Portugal vale muito menos do que na Alemanha.
    E Daniel Bessa dixit."Esta emissão de dívida não é um sucesso"

terça-feira, 7 de maio de 2013

O Euro impediu o crescimento económico português.

  Em termos matemáticos há uma relação directa entre a inexistência de crescimento económico em Portugal e a adesão ao Euro.A partir do momento em que passamos a fazer parte do Euro,o crescimento económico foi quase inexistente.Este é o ponto essencial.O Euro dificulta o crescimento económico português.E sem crescimento económico não há dívida sustentável,Estado Social ou o que seja.A raiz do nosso problema actual está nesta anemia que se vive em Portugal há 10 anos.

Dois livros sobre a saída do Euro.

  Basicamente há dois livros em Portugal a defender a saída do Euro.O meu e o de João Ferreira do Amaral.
  Este último saiu em Abril e espalhou o assunto.Foi tema no Expresso,na TV,em todo o lado.O meu tinha saído logo em Janeiro e passou despercebido,excepto no ABC espanhol e no DIABO onde fez manchete.De resto,foi abafado.É muito estranho o tratamento diferenciado dos livros,sobretudo quando se vê que o de João Ferreira do Amaral foi feito à pressa.

Links com notícias

ABC-Espanha-Crescimento económico foi inexistente em Portugal desde a adesão ao Euro.

Jornal de Negócios-Napoleão alemão sugere que Portugal saia do Euro

DN-João César das Neves-Economista sensato acha saída do Euro um disparate.


Portugal não está numa Zona Monetária Óptima com o espaço Euro.


Portugal não faz parte de uma Zona Monetária óptima com a restante Europa.
Para existir moeda única deveria existir uma zona monetária óptima, esta teoria foi desenvolvida pelo Nobel Robert Mundell e é geralmente aceite como boa. Adiantam--se, usualmente, quatro critérios para existir uma zona monetária óptima:
1) Mobilidade efectiva do trabalho;
2) Mobilidade do capital e flexibilidade dos preços e salários;
3) Partilha do risco e mecanismo de transferências orçamentais para redistribuir dinheiro para os países/regiões afectados adversamente pelas primeiras duas condições
4) Ciclos económicos semelhantes nos vários países.
Ora nada disto se verificava quando Portugal aderiu ao Euro, nem actualmente. Pelo contrário, a mobilidade do trabalho é pequena existindo imensas barreiras fácticas, designadamente problemas de língua e culturais que criam efectivos obstáculos de livre circulação a várias actividades e serviços na União Europeia.

Helicópteros com Dinheiro.Sair do Euro,da crise e mudar o Estado-o primeiro livro sobre o assunto.







    O livro"Helicópteros com Dinheiro.Sair do Euro,da Crise e Mudar o Estado" editado pela Chiado Editora, em Janeiro de 2013 foi o primeiro a trazer uma análise compreensiva sobre a questão da participação de Portugal no Euro e também sobre a ineficiência das políticas austeritárias a partir de certo ponto.

Anúncio público:Blog Sair de Euro.

 Nasce agora o Blog Sair do Euro (sairdoeuro.blogspot.pt).Aqui vão-se discutir os principais argumentos para sair do Euro e também os principais para não sair.Vai-se tentar demonstrar porque o Euro não funciona para Portugal há 10 anos!E também tentar demonstrar como pode funcionar.Vão-se actualizar as notícias sobre o tema e lançar propostas.