segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Teses por uma nova política económica I

    I
Lenine em 1921 perante o descalabro económico do “comunismo de guerra” teve a inteligência de iniciar uma nova política económica (NPE) assente nalguma liberalização da economia russa. Esta NPE deu espaço para a reconstrução e consolidação da Rússia soviética. A ortodoxia cedeu perante as realidades.
Em Portugal, vivemos uma situação semelhante, agora no espectro oposto. Há uma ortodoxia dita “neo-liberal”- na realidade é mais uma ortodoxia germânica -que sufoca a economia portuguesa, e não há “blips” de crescimento que escondam a necessidade de uma Nova Política Económica para Portugal.
            É preciso começar por recordar que o desenvolvimento intenso da indústria alemã, que a fez catapultar para os lugares cimeiros do mundo começou com uma política protecionista. Foi Napoleão o seu iniciador em 1806 ao proclamar o “bloqueio continental” que foi aplicado aos Prussianos derrotados por ele em Iena. Esse bloqueio implicou que não existissem mais importações de Inglaterra. Os produtos ingleses deixaram de fazer concorrência aos alemães e estes tiveram oportunidade de desenvolver a sua indústria sem competição de produtos mais baratos. É em 1806, num clima de protecção que se começa a desenvolver efectivamente a indústria alemã.
Ninguém duvide que Portugal necessita de um momento napoleónico de protecção para recomeçar o seu desenvolvimento.
A prioridade deverá ser um sistema económico em que mais importante que a divisão internacional do trabalho (defendida pelos clássicos Smith, Ricardo) é assegurar que o país volta a produzir e utilizar bem os seus recursos (como referia o economista alemão List).
List em três ou quatro frases resumia os dilemas que vivemos actualmente. Dizia o economista alemão que as economias de cada país devem ser encaradas numa perspectiva nacional tendo em atenção as seus especiais características uma vez que cada economia tem as suas condições específicas e o seu grau de desenvolvimento. Ele era muito claro dizendo que o resultado de uma zona de comércio livre( como é, também, a actual União Europeia) não seria uma zona universal igualitária, mas acabaria por resultar na sujeição universal das nações menos avançadas à potência predominante. Parece que estava a falar de Portugal ou Grécia face à Alemanha e amigos nórdicos… Essa sujeição passa-se obviamente neste momento.
Uma comunidade económica justa, isto é uma união de nações que reconhecem as mesmas condições entre elas (no fundo um mercado livre e comum) só pode ser realizada se essas nações atingirem o mesmo grau de industrialização, cultura e poder. Só com a gradual chegada a este estado igualitário pode ser formada uma zona de comércio livre. Até lá as nações mais fracas têm que ter algum nível de protecção para não ficarem subjugadas.
Em Portugal chegou o momento da realidade. Não produzimos o que necessitamos para consumir e o tempo das engenharias financeiras terminou. Assim, qualquer recuperação deve voltar ao básico, recomeçar pelos aspectos da produção. Produção agrícola e produção industrial. Este é o ponto essencial. Naturalmente, que para retomar a produção será necessária protecção. Não se pense que com as actuais circunstâncias – pertença ao Euro e fronteiras abertas com a UE, mas fechadas para uma boa parte do mundo – será possível essa retoma. A retoma implica um grau de proteccionismo para apoiar o renascimento agrícola e industrial, que será aplicado num estilo deslizante. Isto é alguns produtos estrangeiros serão objecto de tarifas mais elevadas, prevendo-se depois um abaixamento gradual dessas tarifas, simultâneo com o renascimento industrial e agrícola português.



sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O fim da recessão?Pode ser que sim.Pode ser que não.

     A economia não é uma ciência exacta,trazendo,por isso,todos os dias surpresas.Os recentes números relativos ao crescimento do PIB no 2º trimestre de 2013 são uma surpresa e são positivos.No entanto,não afastam a reflexão sobre os problemas e a rigidez estrutural da economia portuguesa,nem caucionam qualquer eventual política de crescimento (eufemismo de despesa).
  O euro continua a ser um problema para Portugal,assim como a excessiva despesa neste contexto.
  Quanto ao fim da recessão?
  Pode ser que sim.
Nalgumas circunstâncias específicas e raras a austeridade  poderá trazer crescimento automaticamente. Quais são essas condições?
Quando a austeridade imponha uma diminuição das taxas de juro que financiam a economia e tal implique um renovado financiamento da economia privada. Assim, imaginemos que as taxas de juro estavam muito altas e por isso a economia não era financiada. Um plano de austeridade sério daria sinal que os gastos iam diminuir e por isso as taxas de juro diminuiriam. Aí voltava a entrar dinheiro barato na economia e esta cresceria. É necessário que a austeridade faça abrir a torneira de financiamento que secou. Isto é, que como resultado da austeridade volte a haver dinheiro na economia.
 Pode ser que não.
Estes números serão apenas um reflexo da renovação mínima de stocks esgotados ou de qualquer sazonalidade e não reflictam um crescimento sustentado,voltando-se em breve a cair na recessão,sobretudo como fruto do pagamento de IRC e IRS que está a ocorrer.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sair do Euro continua a ser solução.

  Neste estranho país dominado por uma imprensa "suave" face ao poder (como dizia o Presidente da República Cavaco Silva)parece que a crise acabou e que um mar de rosas vai começar.Pode ser que assim seja,mas não acredito.Poucas das questões problemáticas da economia portuguesa foram tratadas nestes dois anos.
 A questão essencial mantém-se.Portugal não devia ter entrado no Euro e não se deve manter, pois só o pode fazer à custa daquilo a que se chama “desvalorização interna” – baixa de salários e regalias de trabalho – uma vez que a desvalorização cambial não é possível – e essa acabará por ser insustentável. Aliás, é o que está a acontecer e os mesmos que criticam o governo por tomar estas decisões – baixas de salários – são os mesmos que cantam loas ao Euro… Mas, a verdade é que há um ponto a partir do qual não se conseguirá mais baixar salários, nem outros custos de produção. Logo só há uma via para fugir do beco sem saída em que entrámos: a saída do Euro.
A saída do Euro não é um drama como muitas vezes se quer apresentar. A história do Euro não é única – já houve várias uniões monetárias e muitas foram desfeitas – e atentando a anteriores separações monetárias poder-se-á aprender alguma coisa e fazer um “roadmap”. Houve 69 saídas de moedas comuns no século passado, que se fizeram sem especial drama. Desde o fim do Império Austro-Húngaro (a partir de 1918, envolvendo entidades como a Áustria, a Hungria, a Checoslováquia, boa parte da ex-Jugoslávia) à saída dos países bálticos do rublo soviético (1990 e anos seguintes-Lituânia, Estónia e Letónia). A mecânica da separação é complicada mas fazível. O problema Europeu é que os países periféricos têm graves desequilíbrios que devem ser confrontados com desvalorização da moeda e a reestruturação ordenada da dívida. A saída do Euro e a desvalorização subsequente acelera as falências (que já estão a acontecer em barda) mas cria um poderoso instrumento na desvalorização cambial e politica monetária que poderão conduzir ao crescimento rápido do país. No fundo, abandona-se a cristalização e rigidez provocadas pelo Euro, permitindo uma flexibilidade de políticas que mais depressa resolvam os desequilíbrios. Não é muito diferente da saída do padrão-ouro que se deu a seguir à Grande Depressão de 1929, que era também um sistema rígido de controlo monetário e teve que ser abandonado face à grave crise e aos próprios efeitos recessivos que se lhe reconheciam.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Para que serve a austeridade?

Perante uma crise financeira originada por um sobre endividamento a primeira medida é a austeridade.
Essa medida tem duas funções, controla o endividamento e dá um sinal que se percebeu que há uma crise grave. Mas,não tem mais qualquer função. Isto é, a austeridade não resolve o problema do endividamento. Porquê? A austeridade não resolve o problema do endividamento porque a despesa de um é a receita de outro. Logo, austeridade trava, pára, mas na realidade não tem outro efeito. Quando o governo introduz medidas de austeridade habitualmente não reduz a relação entre débito e rendimento, porque se um diminui o outro também diminui e induz uma recessão na economia, porque a trava. Basta ver em Portugal, onde o remédio está a ser aplicado que o PIB está em queda descontrolada. 
O que acontece é que os governos não percebem isso e entretêm-se a adicionar pacotes de austeridade porque os números não surgem. Este é o ponto mais grave e que também está a acontecer em Portugal.  A austeridade falha, porque não tem a função de relançar a economia, mas o Governo não percebe isso e vai insistindo até obter resultados. Esses resultados não vão surgir, a austeridade não gera progresso económico, apenas gera retrocesso e o grande problema é que os governos não percebem insistem, insistem, até matarem a economia. Isto não quer dizer que a austeridade não faça parte de um processo de desalavancagem. Efectivamente, faz, mas só como medida inicial. A austeridade tem que ser acompanhada por outros elementos de política económica.Tem que existir, mas ser imediatamente complementada.

sábado, 27 de julho de 2013

Reforma do IRC? Um embuste.

 Uma putativa reforma do IRC foi apresentada com pompa no final desta semana.Dois ministros e um dos Faz-tudo do regime oraram sobre as benesses de um IRC mais baixo daqui a 5 anos...
 Não se espere que esta reforma convença alguém no curto-prazo.Anunciar um facto que vai acontecer daqui a 5 anos (embora com escalas intermédias pouco apelativas) ou não anunciar é igual.
 Num país em que não há nenhuma estabilidade fiscal,em que o Estado confisca os bens dos cidadãos em que se vê,cada vez mais,que a política anda a reboque de interesses e negociatas(é o assessor político do ministro Álvaro e do ministro Relvas,João Gonçalves que o diz),num país assim,como se pode acreditar que o IRC daqui a 5 anos estará mais baixo 10 pontos?
 Não se acredita.
 Para ter efeitos úteis uma medida destas devia ser executada imediatamente.Drasticamente.
 Assim,é um paliativo que não convence ninguém.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Como se resolve um crise de dívida?

O que resolve os problemas de dívida é aquilo a que se chamará a monetarização. Com a monetarização a relação entre dívida e rendimento diminui e a actividade económica e o preço dos activos financeiros aumenta. Porque é que isto acontece? Porque há emissão de moeda e a monetarização do débito, o que provoca uma taxa de crescimento nominal acima da taxa de juro nominal e há uma desvalorização da moeda que afasta as forças deflacionárias. Muito recentemente, no seu Economic Outlook (Outubro de 2012), o F.M.I confirma esta asserção. 
O Fundo estudou 26 casos de redução de dívida pública desde 1875 e verificou que o factor essencial para a resolução das crises de dívida pública foi a política monetária ou a monetarização do débito – Taxas de juro nominais baixas ou inexistentes e inflação foram os aspectos- -chave para a redução do débito. Não foi a austeridade, o que torna as políticas europeias muito difíceis de explicar em termos técnicos.

domingo, 21 de julho de 2013

A semana da mentira e os cortes na Despesa.

 Agora que a semana da mentira passou,é altura de reflectir nos famosos cortes que AJSeguro alega não querer fazer(embora dê a impressão que Seguro se vergou à dupla mortífera Soares-Sócrates).
 Imaginemos que não há cortes.Tal quer dizer que o Estado continua a gastar.O mesmo que dizer que o déficit não baixará e a dívida subirá sempre.Então,qual a solução? Não pagar parte da dívida,fazer um "haircut" e reescalonamento da dívida.Ora,é certo que esse reescalonamento é possível e o corte de algum pagamento da dívida também o é.A única questão é que os credores para aceitar reescalonamentos e cortes no pagamento das dívidas exigirão...cortes na despesa.Assim,adiar os cortes na despesa só implica ter que fazer cortes mais tarde...
 A outra opção é haver cortes.O efeito imediato é mau.A procura interna diminui,o desemprego aumenta.Pode acontecer que tal dê mais confiança aos investidores e a dívida portuguesa estabilize e poderá deixar de existir um "efeito crowding out".Isto é ,o Estado deixar de abosrver os recursos e libertá-los para o sector privado e talvez...assistirmos a algum crescimento da economia.Mas,nada disto é certo.
 No actual paradigma da economia não há remédio senão cortar,agora ou mais tarde.Mas,não se sabe se os cortes terão algum efeito positivo.

 Há que começar a pensar de outra forma.Sair do Euro?É uma hipótese,renegociar um novo tratado de transição com a União Europeia é outra hipótese.Existir algum proteccionismo para o renascimento da nossa agricultura e indústria,não há alternativa.
 A conclusão é que na presente situação económica e perante os actuais mecanismos,o futuro da economia portugesa é negativo.E não se fale da Irlanda,não é um caso de sucesso.Muito menos da Grécia ou Chipre.Há que procurar soluções diferentes fora destes "consensos".

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A salvação de que nação?

  Este espectáculo da "Salvação Nacional"é mau demais para ser verdade.As questões económicas não se resolvem por consensos,porque os consensos implicam compromissos,os compromissos implicam meias-tintas e as meias-tintas,troca-tintas.E na economia os troca-tintas não funcionam.O preço ou sobe ou desce.O desemprego ou aumenta ou desce.Ou se trabalha ou se passa férias.
  Estes grupos que agora surgem a apelar ao compromisso de Salvação Nacional são compostos pelas mesmas pessoas que ocuparam cargos altos e importantes no afundanço nacional.E agora querem ser salvos?
 A solução é rectilínea e precisa de força.Força na Europa,força na dívida,força no rumo.Além de força,liderança.As lesmas que se movem ,não lideram,adaptam-se.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Raízes dos problemas actuais da economia portuguesa.

O problema da economia portuguesa acaba por ter duas vertentes:
Por um lado, o Estado aumentou a dívida exponencialmente nos últimos anos, sem o correspondente aumento da produção de bens e serviços, tendo como resultado a actual crise financeira. Vê-se, por exclusão de partes, que o Estado e a sua clientela foram os grandes beneficiários do Euro pois obtiveram muito dinheiro a baixo custo que desbarataram alegremente. Há que sublinhar, o sector privado não beneficiou com o Euro, só o Estado “and friends” que promovendo um tremendo efeito “crowding out” (um aumento da despesa pública leva a uma diminuição ou cessação do investimento privado porque não há dinheiro disponível para ambos) se banhou em Euros.
Por outro lado, nunca houve condições para aderir ao Euro e tal adesão foi feita de forma artificial com isso provocando um crescimento ínfimo da economia. Portugal não constituía uma zona monetária óptima com a Alemanha. Não existia mobilidade e flexibilidade do trabalho (e não existe). Não estava no mesmo ciclo económico da Alemanha e não beneficiava de um sistema orçamental de transferências automáticas de dinheiro para colmatar essas divergências no ciclo.
A verdade é que a unificação da condução da política monetária só seria benéfica se estivesse também previsto um sistema de transferências fiscais (estilo federal) da Alemanha para Portugal (mantendo o exemplo, que poderia ser aplicado a outros países).Ora acontece que isso também não foi previsto (e não era difícil prever: a própria Alemanha Federal quando se reunificou em 1990 compensou uma
união monetária forçada com o Leste com uma massiva transferência fiscal para o mesmo Leste. Foram transferidos do Oeste para o Leste mais de 1,5 triliões Euros).

domingo, 14 de julho de 2013

O crescimento económico.

   Para haver crescimento económico numa economia moderna tem que existir crédito bancário.Schumpeter,um dos mais brilhantes economistas de todos os tempos,descrevia o processo de crescimento económico da seguinte forma:A economia estagna,dessa estagnação surge a destruição criativa,empresas morrem,desemprego aumenta,um tipo de economia desmantela-se.Mas através da inovação e do empresário, a economia começa um novo surto de crescimento.Isto quer dizer,que sendo uma fatalidade a destruição da economia,de vez em quando.O que se espera é que os empresários através da inovação comecem um novo ciclo.Mas,essa inovação e esses empresários têm que ser financiados.Aí entra o crédito.O crédito bancário é fundamental para financiar um novo surto de expansão.Sem crédito não há criação,só destruição.
  Esse é o problema da economia portuguesa.Não há crédito bancário.E ,talvez,não haja crédito bancário por causa do Governo (ao contrário do que se diz).Se atentarmos nas estatísticas do primeiro trimestre de  2013,os activos que os Bancos portugueses detêm em Dívida portuguesa aumentaram 16%.Isto quer dizer que os Bancos estão a usar o dinheiro que têm fresco,não para emprestar (no mesmo período os empréstimos a empresas não finaceiras diminui 5%),mas para financiar o Governo.Enquanto,os Bancos portugueses estiverem a financiar o Governo português existirá o chamado efeito "crowding out".O dinheiro que era para crédito económico vai para o Governo,não entra nas empresas ,mas no Governo.Os Bancos farão isto por "patriotismo",mas também porque obtêm vantagens financeiras mais elevadas.
  No entanto,enquanto os Bancos nacionais não deixarem de aumentar o financiamento do Estado,não haverá efectivo crescimento económico.

sábado, 13 de julho de 2013

A economia da comunicação de Cavaco Silva.

  Cavaco Silva é economista.Toda a sua carreira política assentou nesse pressuposto.Há que analisar a sua comunicação presidencial numa perspectiva económica.
   Dos agentes políticos, a economia espera a criação de quadros estáveis e o estímulo,quando necessário, dos "animal spirits".Os factores essenciais são a procura de expectativas favoráveis que induzam o investimento e o crescimento económico.A economia teme o vazio e as expectativas confusas.
  Passados alguns dias da comunicação presidencial ainda não consegui perceber a racionalidade económica desta.Não criou um quadro estável,não criou expectativas favoráveis,não despertou nenhuns "animal spirits".
  Pelo contrário,lançou confusão no caos,não clarificou,não criou quadro estável para a actividade económica.
   Como explicar a economia da declaração de Cavaco Silva?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Queremos ser como a Irlanda?Mas,a Irlanda está a correr mal...

  A falta de espírito crítico que domina os nossos media e a academia portuguesa mediatizada é assustadora! O discurso seguido é que não queremos ser como a Grécia,queremos ser como a Irlanda.Tudo se  justifica para sermos a Irlanda e não a Grécia.Irlanda tornou-se sinónimo de paraíso e resgate bem-sucedido,enquanto a Grécia tornou-se sinónimo de trapalhada infindável.
  A realidade é que a Irlanda está a correr mal.Sim,a Irlanda está a correr mal e nem o IRC muito baixo lhe tem valido.Vejamos a situação da Irlanda:
  -O déficit este ano será de 7,5% do PIB,,aparentemente o maior da União Europeia.
  -6 anos seguidos é o número de anos em austeridade.
  -A economia já vai na segunda recessão em 4 anos.
  -A dívida pública alcançará os 123% do PIB.
  O governo encontra-se perante um dilema após 6 anos de austeridade.As exportações não aumentam,as pessoas continuam endividadas.
  Se repararmos não é muito diferente da situação portuguesa.Por isso,não adianta querermos ser como a Irlanda,porque a Irlanda está a correr mal...
 .

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Caos,Draghi e Política Económica

  Parece que mais uma vez as palavras de Mario Draghi serviram para acalmar os mercados que tinham entrado em ebulição a propósito dos amuos de Portas e da saída inusitada de Gaspar.Portugal hoje deve mais a Draghi do que Durão Barroso,António Guterres ou outro qualquer dos nossos internacionalistas.
 O momento também é de ponderação de política económica.A alternativa não é nem pode ser entre austeridade e crescimento.Quem diz isto não sabe o que diz.Numa crise financeira tem sempre que existir austeridade.Esta tem dois objectivos.O primeiro informar os mercados que se percebeu que há um problema e se vai actuar.É um aspecto psicológico.O segundo objectivo é baixar a despesa.Este é inelutável.Sobretudo quando se percebeu que aumentos de despesa não têm gerado crescimento.Observem-se as políticas de Sócrates e do inefável Teixeira dos Santos.Mas,austeridade somente não serve.
  Assim,num curto-prazo a política económica deveria assentar na austeridade por via da despesa pública e na monetairzação da dívida.Há que emitir dinheiro para absorver a nossa dívida.Neste aspecto o BCE é fulcral.A par da austeridade e da monetarização da dívida deve existir uma baixa generalizada de impostos.Essa baixa tem dois efeitos.O psicológico,cria bem-estar nas mentes aliviadas e liberta rendimento para as famílias.
 Em resumo,corte na despesa pública,monetarização da dívida e baixa dos impostos,são os elemenots mistos ( e mesmo antagónicos)para uma saída da crise.A saída da crise é o resultado de uma estratégia mista entre governo e BCE.
 Nota final:Apostar apenas nas exportações não é viável no curto-prazo por razões que se demonstrarão em próximo post.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Gaspar ou o Caos?

  Aqui não se concordava com as políticas de Gaspar,por assentarem nos impostos e por se saber que a austeridade é um início para combater uma crise financeira,mas nunca um fim em si mesmo.Além do mais o paradigma defendido é o da saída do Euro.No entanto,Gaspar tinha um rumo e objectivos (que não cumpria e enganava-se na rota).O grande problema é que a saída dele foi o resultado de uma luta interna com Paulo Portas-o mais dançarino dos políticos portugueses e abre as comportas à asneira.Basta ver que ainda uns dias antes aparecera Teixeira dos Santos com o maior dos desplantes -como se não tivesse presidido à bancarrota nacional-a criticar o Governo.Ainda uns dias antes se começou a abrir a porta a despesismos inúteis com a aprovação de leis "consensuais" no Parlamento.
  O que é que Portas vai defender:o aumento da despesa?O que o PSD profundo -para não perder as autárquicas -vai defender:o aumento da despesa? O que o jovem Seguro defende:o aumento da despesa?
   Pois é.
   Maria Luís Albuquerque pode ter sido elogiada em termos militaristas pelo "amigo"alemão,mas não tem a bagagem intelectual ou a credibilidade que Gaspar tinha.É uma licenciada pela Lusíada que foi ocupando uns cargos de nomeação política.
  Há dois caminhos.Ou mudar de paradigma,sair do Euro,flexibilizar e proteger simultaneamente a economia,negociando um acordo de "transição"com a UE,ou então é capaz de vir aí o caos conduzido pela parelha de Bilderberg Portas-Seguro.
   ADENDA:Portas também saiu...o caos?

domingo, 30 de junho de 2013

Merkel.Austeridade no estrangeiro,festança de gastos na Alemanha.

     Não sou eu que digo,mas o Der Spiegel,a prestigiada revista alemã que aponta a bizarria da plataforma eleitoral de Merkel para a Alemanha.Enquanto,exige austeridade no estrangeiro,prepara-se para um festim de gastos na Alemanha.E não se diga que é por a economia alemã estar em excelente forma.Na realidade,a economia alemã não está em excelente forma.Apresenta muitos sinais de paragem.O mesmo Der Speigel identifica-os.Por essa mesma razão,nem colhe a habitual teoria que vai estar tudo parado até Setembro,data das eleições alemãs.Se fica tudo parado,pode ser mau para a Chanceler.É evidente que Merkel aprendeu com o seu mentor Kohl que dizia que quando havia muitos problemas ,olhava atentamente para aquário até eles passarem,mas Kohl soube apanhar o comboio da história,Merkel parece perdê-lo.
   A Primeira Guerra Mundial foi feita para controlar a influência alemã.A Segunda Guerra Mundial também.Agora os alemães têm uma influência determinate na Europa,mas têm medo de assumir a responsabilidade,até para não se verem pintados todos com bigodinhos à Hitler.Mas,por outro lado começam a exibir aquela habitual arrogância junker.Este programa eleitoral de Merkel é exemplo claro.Por isso,neste momento,a Alemanha é inimiga de Portugal.É isso que devemos perceber e tentar forjar novas alianças.
  Sei que os Teixieras dos Santos e Vítores Gaspares desta vida vão dizer que a Alemanha é que tem o dinheiro e o poder e por isso temos que lhes obedecer.Acontece que a Alemanha não sabe usar esse poder e está a usá-lo para benefício próprio.
  É verdade que a Alemanha tem Bach( o mais celestial músico do mundo),o melhor sistema de Direito Penal(porque ao anglo-americano tendo ilhas de excelência se vergou à demagogia),belos lagos,excelentes salsichas,arquitectura barroca inigualável e muitas excelentes coisas.Mas,politicamente está,de novo,um perigo...
 

sábado, 29 de junho de 2013

Baixar impostos.Mais vale tarde que nunca.

 De repente,entrou na agenda aquele que parecia ser um tema vedado à discussão: a baixa de impostos.É de facto uma das soluções para uma vigorosa saída da crise:
  A receita para sair da crise é esta e só esta: Aumento da moeda em circulação através de emissão pelo Banco Central e uma política fiscal expansionista (baixa generalizada de impostos) por parte do Governo.
 A política fiscal deve assentar na baixa de impostos e não no aumento da despesa do Estado por variadíssimas razões, sendo que a não menos importante é que tal foi feito em 2007 e 2008 com resultados dramáticos. A recuperação da economia tem que assentar na libertação de disponibilidades para o sector privado, no aumento do seu rendimento, e a forma mais rápida de o fazer é não lhe ir tirar dinheiro através de impostos.
  Portanto,é de aplaudir este renovado interesse na baixa de impostos e dizer "mais vale tarde,do que nunca".A questão tem que se colocar ao contrário do habitual,não se baixa os impostos quando o déficit estiver controlado(como defendem as autoridades ortodoxas em Portugal),baixa-se os impostos para controlar o déficit.É ao contrário.Porque,baixando impostos,há mais dinheiro disponível,mais actividade económica,mais crescimento e logo mais receita,mais emprego e menos despesa social automática (subsídio de desemprego,por exemplo),levando o orçamento mais próximo do equilíbrio do que o corte austeritário.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

E se não sairmos do Euro?

    Geralmente,os que defendem a permanência no Euro são muito violentos na sua argumentação e além de chamarem "burros" a quem quer sair do Euro dizem sempre que essa saída implicará uma enorme desvalorização da moeda,inflação e baixas dos salários.
    A pergunta que se faz hoje é:e quais os custos da permanência no Euro?
    O Governo escolheu uma taxa sobreavaliada para entrar no Euro.Logo,criou problemas de produtividade e competitividade para a economia à partida.
    A estrutura económica portuguesa especializou-se em dois tipos de sectores.Um primeiro sector é o chamado não transaccionável em que pontifica a construção e o imobiliário.Este sector acabou por entrar num conúbio com os Governos promovendo várias obras infra-estruturais de rentabilidade duvidosa,e não contribuiu para qualquer dinamismo económico real ou competitividade internacional,até porque muitas vezes funciona em regime de quase monopólio ou oligopólio.
  O segundo sector,produtivo,especializou-se em metais,equipamentos e material de transporte que têm forte concorrência do Leste Europeu onde simultaneamente há salários mais baixos e mão de obra mais qualificada,ou textêis e vestuários que têm concorrência da China onde os salários são 1/5 dos portugueses.
  Resumindo,neste momento temos uma moeda forte e uma economia fraca com sectores não produtivos ou sofrendo uma concorrência por via de salários baixos.
   É evidente que a resposta teórica é que "temos que subir na escala de valor".Isto é,os nossos salários são mais altos que os da concorrência porque nós somos melhores e fazemos produtos melhores.Está certo,mas esse é um caminho longo,muito longo.O problema é agora.O que fazer?
 

terça-feira, 25 de junho de 2013

A hora do investimento e a realidade.

    Tem anunciado o Governo em momentos de marketing mais ou menos pífios que chegou a hora do investimento.
    Talvez seja essa a intenção governativa,mas ser ou não a hora do investimento depende de factores diferentes da vontade imediata do Executivo.É verdade que Salazar com uma palavrinha a alguns grupos económicos gerou um surto de investimento em Angola nos anos 1960.Mas,o factor determinante foi que a palavrinha de Salazar vinha com uma série de condições favoráveis.
   Em rigor,o que determina o investimento?Não é a vontade.É a taxa de lucro esperada.Os investidores investem(é propositada esta repetição) para ter lucros.Quanto maior o lucro esperado,maior o investimento realizado.Vamos aos números,que é política deste Blog apresentar sempre.A época de Ouro + da economia portuguesa com o maior crescimento do PIB e maior investimento ocorreu entre 1960 e 1973.As taxas de investimento foram elevadíssimas,passaram de 20% do PIB em 1950 para 36% em 1973 o que representou uma das taxas mais altas do mundo.Ao mesmo tempo a taxa de lucro andava pelos (1961-1973) 20% a 25%,chegando em 1965-1967 a quase 30%.Isto quer dizer que a elevadas taxas de investimento correspondiam altas taxas de lucro.Assim,em termos muito simples se há expectativa de lucro há investimento.Se não há expectativa de lucro não há investimento.
 O que o Governo tem que publicitar é como as empresas vão ser lucrativas.Há muitos factores,um deles à partida é impostos baixos.O outro é taxas de juro baixas.Dois meros exemplos.
 Em conclusão,não há investimento sem perspectiva de lucro.

sábado, 22 de junho de 2013

Estatísticas do Blog.

 Comecei a escrever este Blog em 7 de Maio de 2013.Hoje ultrapassei as 4.000 visitas.Precisamente 4.056.Não são os milhões que outros Blogs ostentam.Mas,para um iniciado,sem apoios,nem partidos,nem nada,é muito bom.
  Obrigado!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Portugal e os mercados financeiros.Atenção!

     O objectivo declarado deste governo (e consensual com o PS)é voltar aos mercados financeiros em 2014 com toda a plenitude.Voltar aos mercados quer dizer voltar a pedir dinheiro emprestado ao estrangeiro em montantes avultados.
     Há uma pergunta que tem que ser feita:Voltar aos mercados para quê?Pedir mais dinheiro emprestado para quê?
      Há uma resposta aceitável.Deve-se pedir dinheiro a taxas de juro mais baixas e a prazos mais longos do que os existentes agora, para trocar a dívida.Um exemplo abstracto:devemos 10 à instituição X a serem pagos em 5 anos a uma taxa de 5%.Se conseguirmos um novo empréstimo nos mercados a 10 anos,a uma taxa de 2%,compensa pagar o primeiro e obter o segundo em melhores condições.Para este tipo de amortecimento da dívida vale a pena ir aos mercados.
    Mas,a questão coloca-se com maior ênfase quando a nova dívida for contraída para pagar outros encargos do Estado.De um modo geral responderão que vale a pena.Mas,valerá?Mais dívida para suportar gastos do Estado pode aliviar momentaneamente, mas cria peso, e peso acrescido na economia.E nessa medida há que ter muito cuidado,pois rapidamente se pode cair na falência, novamente.
    Na realidade,o Estado Português talvez não precise assim tanto de se endividar.Vejamos o seguinte.Entre 1902 e 1962 o Estado não foi aos mercados financeiros internacionais.E a economia a partir de  1950 começou por crescer a uma média de 1,8%.Sendo que em 1961 creceu 3,58% e 1962 cresceu  10,52%.A partir do 25 de Abril só em 1992-1993 é que Portugal regressa plenamente aos mercados financeiros internacionais e emite dívida a 10 anos.No entanto,a fase de crescimento da economia já tinha acontecido entre 1986 e 1991.Após essa data só houve um crescimento superior a 5% em 1998.
    Se calhar alguns leitores acham maçador referir números.Mas,é importante para se ilustrarem os raciocínios.
      Não há uma ligação directa entre acesso aos mercados financeiros e crescimento económico-melhoria da vida e bem estar das populações.
    Portanto,o que é necessário são condições para o investimento como boas taxas de lucro,bom clima social,impostos baixos,estabilidade macroeconómica e legal.Os mercados financeiros não são tão importantes,e podem constituír um perigo de endividamento e falência.
     Atenção aos mercados financeiros!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Curta sobre os mercados financeiros.

 Hoje devido ao anúncio de Ben Bernanke,o Presidente da Reserva Federal americana,acerca do fim do "quantitative easing"(o nome em economês chic para emissão de moeda) as taxas de juro da dívida portuguesa subiram.
  Assim,se vê que as taxas de juro portuguesas dependem pouco da política portuguesa e muito dos acontecimentos internacionais.Já a anterior baixa e acalmia se tinha devido às declarações de Mario Draghi no sentido de sustentar o Euro em Junho de 2012.
 Têm mais influência na fixação das taxas de juro portuguesas as acções de Draghi e Bernanke do que todos os movimentos de Gaspar.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Recuperação rápida da crise...

  É evidente que a crise portuguesa não está a ter uma recuperação rápida.Pelo contrário,é uma crise em aprofundamento à espera de um milagre na forma do aumento das exportações para a Alemanha e Espanha.
   A crise está a ser lenta porque os remédios têm sido mal aplicados,quer pela Europa,quer por Portugal.
  Vejamos outra crise.Aquela resultado do fim da Segunda Guerra Mundial.Em 1945 os países europeus estavam devastados pela guerra,falidos,destruídos e com as populações destituídas.Mas,rapidamente recuperaram.A que se deveu tal recuperação rápida? À inteligência de alguns homens que defenderam que a reconstrução isolada dos países europeus demoraria muito tempo,além de poder arrastar para a recessão países com economias fortes (como os EUA nessa altura).Assim,para facilitar a recuperação e não levar outros países para recessão o que se fez?Os países com poder (os EUA)puseram os seus recursos financeiros à disposição dos países destruídos e estes colocaram em comum parte das suas economias.Houve uma dupla perspectiva,por um lado os EUA colocaram meios financeiros à disponibilidade da Alemahna,França e outros,por outro lado estes países ajudaram-se mutuamente e colocaram muitos investimentos em comum.E assim começou um período de ouro no crescimento económico.
  Os mesmos perigos se corriam agora.Tínhamos um país forte ( Alemanha) e vários países com problemas (Europa do Sul) e o perigo destes últimos levarem aquela para uma recessão.O que se deveria ter feito era,mesmo numa perspectiva egoísta para a Alemanha,colocar fundos disponíveis para investimento e rapidamente abrir e reformar as economias.Tudo rapidamente e sem hesitações.
 Nada disto foi feito,e assim vamos perder todos devido à miopia dos dirigentes alemães e portugueses.

domingo, 16 de junho de 2013

Pagar dívidas?Quais e porquê?

   O discurso oficial português é que as dívidas têm que se pagas e o Estado tem que honrar os seus compromissos internacionais.Parece que tais obrigações estão escritas na pedra e são Lei Divina.A realidade é bem diferente.Compete às autoridades dos Estados negociarem e seguirem as melhores políticas para os seus povos.
     Posto isto,há que dizer que o pagamento da dívida não é uma prioridada,como ir buscar dinheiro aos merrcados financeiros também não é.Não quer dizer que tenhamos que ser como a Argentina,como certa esquerda folclórica quer.A Argentina,que era um dos países mais ricos do mundo no início do século XX,hoje,devido aos desvairios peronistas e pós-peronistas é um país sub-desenvolvido.Mas,a Islândia pode ser um exemplo de defesa do interesse nacional a estudar com mais profundidade.
     Também há que relaçar que Portugal esteve sem ir aos mercados financeiros internacionais levantar dívida entre 1902 e 1962 e não foi por isso que em 1950 não começou a época de Ouro do seu crescimento económico que culminou com o acesso à designação de País Desenvolvido em 1990.
    Mas,desçamos a exemplos concretos de dívidas nacionais e do seu tratamento.Quando a II Guerra Mundial terminou a Inglaterra devia a Portugal 80 milhões de libras.Um acordo de pagamento muito suave permitiu que essa dívida fosse paga em parte (15%) com compras à própria Inglaterra e o restante apenas a partir de 1955 (10 anos depois) com uma taxa de juro de 0,75%.Este é um exemplo.A Inglaterra saía duma guerra.E nós estamos numa recessão,quase depressão,actualemente.
   Outro exemplo.57% das importações da Alemanha entre 1947 e 1949 foram financiadas por ajuda externa.
  Portanto,pedir ajuda externa é normal.Todos os países nalguma fase da sua história o fizerem.Negociar o mais possível e as melhores condições também é normal.Não o fazer e dizer que tudo tem que ser cumprido como nos é imposto,só tem sentido se tívessemos ido para uma guerra e perdido,e mesmo assim...
  O mal dos nossos dirigentes é serem ignorantes (talvez saibam economia),e não conhecerem a história,filosofia,política.Também não têm estofo.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O impacto do Euro em Portugal

    Já se percebeu pelo 7.º relatório do FMI que a situação portuguesa continua má e tenderá a piorar.Há que efectivamente perceber o efeito que a pertença ao Euro teve na economia portuguesa,caso contrário poderemos estar condenados a um afundamento eterno.
    O impacto do Euro em Portugal foi a estagnação. O Euro não foi um arranque. Foi uma paragem.Na realidade, após a adesão ao Euro Portugal meteu--se numa camisa-de-forças. Não pode desvalorizar a moeda,a carga fiscal aumentou e a economia não cresceu.A questão é sempre a rigidez que o Euro introduziu na economia. 
       Vamos ver o que se passou.
      Nos momentos mediatamente antecedentes da moeda única, Portugal tinha uma taxa de inflação acima da média pretendida o que implicou uma política de estabilização de preços (contraccionista) em detrimento de uma política de crescimento. Uma vez que não se podia utilizar a política cambial, teve que haver uma política monetária restritiva. A dívida pública também estava um pouco acima do pretendido, bem como o deficit orçamental. Portanto, à partida nada nos “fundamentals” economia natural portuguesa se enquadrava nos chamados critérios de Maastricht. E em termos de economia real era muito pior. Iniciou-se aqui um ciclo de decadência. Era preciso um ajustamento dos termos nominais. Esse ajustamento era necessário, mas não suficiente para o crescimento. As correcções de deficit reduzem salários reais e restringem a procura interna, sem procura interna empresas não investem, a não ser que exportem a maioria dos seus produtos –para isso têm que ser eficientes e competitivas, o que não foram, nem se tornaram em tal.
    Se compararmos números veremos que em 1998 as exportações no valor aproximadamente de € 34.718.000.000 a preços constantes (base 2006) corresponderiam a 31,5% do PIB também a preços constantes (base 2006).Em 2009 as exportações correspondiam a aproximadamente €48.339.000.000 o que significava 30,5% do PIB. Quer dizer que a contribuição das exportações para o rendimento nacional até desceu um pouco. Os efeitos de criação de comércio advenientes da integração Europeia foram remeter
as empresas portuguesas para os sectores não transacionáveis,onde escaparam à concorrência e às necessidades de eficiência. 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

TOMATE emagazine de ideias políticas e culturais.Já saiu o número 4 (Junho de 2013)

O TOMATE emagazine de ideias políticas e culturais já saiu.É o número 4 referente a Junho de 2013.Pode ser visto aqui.É a única revista 100% digital de ideias políticas e culturais em Portugal.Já tem mais de 2.200 assinantes e o anúncio da saída do número 4 foi visto por mais de 69.000 pessoas.Vale muito a pena ver porque é um trabalho único em Portugal.
Neste número,o escritor Pedro Garcia Rosado reflecte sobre a Democracia na Retrete;
A investigadora Salomé Estêvão propõe a abolição da lei sobre todos os casamentos;
Eu defendo uma nova política económica, radicalmente diferente da actual;
Mário José Teixeira presenteia-nos com mais uns cartoons cáusticos;
O jornalista Nelson Nunes discorre sobre o significado da Arte,
José Fernando Tavares apresenta um ensaio sobre a uma nova política do humanismo e não da economia e tecnocracia;
João Dias fala sobre o campeonato de futebol que terminou
Isto e muito mais na primeira e única revista 100% online de política e cultura de Junho.

Bom discurso de Cavaco Silva

  O discurso do Presidente da República em Estrasburgo foi bom,embora,pareça que os órgãos de imprensa tenham dado sobretudo destaque a uns cartazesinhos empunhados por uns deputados bem dispostos.O discurso foi bem mais importante porque focou dois temas fundamentais:os limites da austeridade e o papel do Banco Central Europeu.É de lídima clareza que a austeridade já chegou a um ponto em que é negativa ( e que aliás foi mal executada por ter começado por aumentos brutais de impostos que paralisaram a economia).Também é óbvio que alguma expansão da política monetária tem que ser feita.Foi para isto que o Presidente alertou e pela primeira vez em muitos meses,falou e falou bem.Agora não basta falar.Alguém tem que conduzir o país rumo a uma nova política séria.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Euro no Tribunal Constitucional Alemão.

  Por estes dias,o Tribunal Constitucional Alemão está a averiguar da constitucionalidade da participação do Bundesbank-O Banco Central Alemão-na política anunciada por Mario Draghi de compra de Obrigações Soberanas.Essa política conhecida por OMT(Outright Monetary Transactions)permite que o Banco Central Europeu compre dívida dos Estados da zona Euro,financiando-os deste modo.
  Muitos alemães consideram que a questão é de política fiscal e que em última análise o peso dessas compras cairá no contribuinte alemão,portanto será uma operação inconstitucional.
  É o tema em discussão no Tribunal Alemão que ouviu recentemente dois altos peritos e responsáveis alemães que têm opiniões opostas.
  Por sua vez,o Presidente do Tribunal declarou que a decisão do mesmo será apenas baseada na Lei e não em considerações acerca do sucesso dessa política para estabilizar o Euro.Caso contrário,os fins justificarão os meios,o que é contrário aos Princípios básicos do Estado de Direito Democrático.
 Esta discussão jurídica é fundamental para a manutenção do Euro.Uma decisão negativa do Tribunal Alemão tirará ao BCE o instrumento com que este tem conseguido até agora evitar crises piores.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Fait-divers.

  A crise financeira tem feito Portugal andar de mão estendida de um país para o outro.Tem sido confrangedora a ponte aérea para Angola(sobretudo quando há a ligeira impressão que acabará mal).E tem sido intensa  a tentativa de trazer o Brasil a interessar-se em Portugal.Durante vários anos Dilma Rousseff não se interessou por Portugal,tratou o país de forma condescendente e arrogante.Agora,começa a estar à vista o desastre da política económica de Dilma.O Brasil está a estagnar.O milagre brasileiro mais uma vez foi sol de pouca dura.Porque o grande obreiro desse milagre foi Fernando Henrique Cardoso que estabilizou a moeda,saneou os bancos,reformou a economia,lançou as bases para um país moderno.Lula teve a inteligência de não mexer e não estragar,pelo menos no primeiro mandato.Mas, depois veio o intervencionismo estatatal,o clientelismo,os vícios habituais da esquerda brasileira e o resultado está à vista.O Brasil parou.E por ter parado é que Dilma desembarca na Portela,para vir ajudar o país dela e faz muito bem.Mas, não é amizade,é interesse.Já dizia Lord Palmerston,os países não têm amigos eternos,mas interesses eternos.
 O segundo fait-divers tem a ver com as condecorações do 10 de Junho.Muitos certamente as mereciam,mas surgem outros...Pergunta:qual o contributo do historiador Rui Ramos para Portugal?Tem um doutoramento,escreve bem,publicou uns livros.Isso é certo.Mas,o que é que fez para avançar o país? Que carreira tem que mereça um reconhecimento público tão grande?Não há jusitificação.Isto parece amiguismo e não sentido de Estado.
 Nenhum destes temas tem a ver com a saída do Euro.São fait-divers nos feriados.

sábado, 8 de junho de 2013

8 de Junho 2013.Está a chover.

   Hoje é dia 8 de Junho de 2013 e está a chover.Por isso,o investimento vai descer e a crise continuar.O rei da Tailândia patenteou um método para fazer chover,mas ,que eu saiba,não descobriu um método para fazer sol.Assim,nem o rei da Tailândia nos pode valer.
   A novel teoria da chuva inventada pelo nosso desastrado e desastroso ministro das Finanças é ridícula,e se o ridículo matasse,Gaspar era um homem morto.
   Mas,o problema não é o homem,é a política.Sejamos muito claros:a política de austeridade baseada em aumentos enormes de impostos falhou.Falhou redondamente.
    Este tem que ser um tempo de mudança de política.
   A única política possível e desejável é aquela que assenta em dois factores:
             1-Expansão da moeda-aumento da oferta monetária através da emissão de moeda-que se não for aceite pelos países do Euro,deve implicar a saída do Euro;
        2-Reforma do lado da oferta da economia.Isto quer dizer:flexibilizar o mercado de trabalho(aparentemente já foi feito);diminuir a carga fiscal e para -fiscal sobre as empresas;criar competitividade nos fornecedores de energia,facilitar o capital para as  empresas(ligado à emissão de moeda e estímulo do crédito);
   Naturalmente,que esta inversão de política implica uma equipa refrescada e possivelmente um novo primeiro-ministro eventualmente apoiada por esta maioria.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

1 mês,3030 visitas!

  Faz hoje um mês que foi lançado este blog.Só,sozinho,solitário.Tivemos nesse mês 3030 visitas.Muito obrigado.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

As (falsas)elites e o Euro.

      A maior parte das asneiras de política financeira realizadas em Portugal nos últimos anos foi feita com a justificação que era fundamental não saírmos do Euro.
      Ninguém contestava este postulado,a não ser o PCP e algumas franjas anarquistas.
      Quando eu lancei o meu livro "Helicópteros com dinheiro.Sair do Euro,Sair da Crise" em Janeiro de 2013,alguns jornalistas recusaram-se a fazer-lhe menção por ser "anti-patriótico".Apenas o DIABO teve coragem de fazer uma primeira página com o assunto.Depois surgiu,na esquerda,o livro de Ferreira do Amaral,numa tentativa de apropriação ideológica de um tema transversal.
      Agora as elites do costume (Pires de Lima,Ângelo Correia) parece que começam a soprar sobre o assunto,pelo menos segundo o jornal I.É confrangedor ver como esta gente não pensa,não reflecte,apenas vai dando bitaites,ao sabor das ondas e do vento,tentando não se afundar na tempestade para onde conduziram o barco.
      O problema das elites portuguesas é antigo.Foram elas que nos venderam(literalmente)aos Filipes,que obviamente também tinham alguma legitimidade,força e dinheiro.Raramente,acertam.Agora,depois de nos obrigarem a aceitar o Euro-não houve referendo ou qualquer consulta popular sobre o assunto-começam a tergiversar.
    É claro que não podemos suportar o Euro nas condições actuais e nessa medida é bom que o assunto comece a ser discutido ,sem vergonha,na direita.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A Letónia e o Euro.

 Muito em breve a Letónia será o 18º membro do Euro.Este acontecimento está a ser acolhido como uma grande vitória para o Euro e a Letónia como um caso de sucesso de recuperação financeira através de um "desvalorização interna".Talvez seja ou talvez não.Vale a pena analisar o caso:
  Em 2008 a Letónia entrou numa crise em que o PIB diminuiu abruptamente-10,5%.Foi preciso nacionalizar um importante Banco (Parex Bank,o segundo maior) e pedir um empréstimo ao FMI.
  O governo tinha a possibilidade de desvalorizar a moeda (aliás o FMI aconselhou que tal fosse feito),mas seguiu uma política diferente.Colou a moeda nacional ao Euro e cortou despesas,diminui ministérios.Fez aquilo que se convencionou chamar "desvalorização interna",como em Portugal se está a fazer .O desemprego disparou- alcançou os 22%,o PIB teve quedas imensas.Foi um caos.Até que a situação começou paulatinamente a melhorar.
  Hoje a Letónia ainda tem um desemprego elevado-10%,mas tem o maior crescimento do PIB.É um caso a acompanhar,o bem e o mal.

terça-feira, 4 de junho de 2013

União Europeia.O sonho de Monnet,o desastre de Delors.

        A CEE(Comunidade Económica Europeia)antecessora da União Europeia foi um arranjo resultante da Segunda Grande Guerra Mundial/"Guerra Fria" inspirado pelos americanos e ingleses para garantir a reconstrução rápida das capacidades económicas franco-alemãs.
       O ideólogo "pragmático" da CEE foi o francês Jean Monnet que desenvolveu uma resposta rápida com um embrião de CEE, depois da inquirição do Secretário de Estado de EUA Dean Acheson  ao ministro dos Negócios Estrangeiros francês,relativa ao estabelecimento de uma política coerente francesa para a Alemanha. 
     A proximidade de Monnet com a elite dos EUA era notória.O pai-fundador da CEE era americanófilo e não tinha especiais valores políticos.Os seus compatriotas franceses desconfiavam dele devido à sua lealdade para com os EUA.
    O cerne da questão é que os fundamentos ideológicos e culturais da CEE eram basicamente anglo-americanos (em devido tempo eles deixarão de ser), por isso é natural que uma abordagem pragmática, focada em assuntos estritamente económicos, sem um grande plano, mas com uma abordagem casuística tenha aparecido. 
   Criada a CEE, rapidamente assumiu uma dinâmica própria e a tal metodologia casuística foi sendo substituída por uma “Weltanschauung” que já implicava uma visão global e construtura de uma nova realidade imposta através de um plano. 
     Essa substituição dinâmica dá-se com maior intensidade durante a presidência da Comissão de Jacques Delors  em 1985-1995 que alcandorou o projecto Europeu para um patamar político e de edificação apressada de uma nova realidade – a União, em substituição do Estado-nação. Em termos formais, estes intentos foram traduzidos pelos sucessivos Tratados que desde aí foram impostos: Maastricht (1992) Amesterdão (1997) e de Nice(2001), envolvendo a criação da União Europeia e do alargamentodos objectivos da CEE (depois de 1992: UE-UniãoEuropeia) para assuntos políticos.
     Esta evolução foi desastrada e está a transformar um caso de sucesso num pesadelo.

domingo, 2 de junho de 2013

Daniel Bessa e a arrogância dos cangalheiros.

    Na primeira página da Economia do Expresso o antigo ministro da Economia de Guterres, Daniel Bessa vem,à falta de melhor argumento, dizer que aqueles que defendem a saída do Euro não são honestos.Continua a argumentação terrorista contra a saída do Euro.Quem defende a saída do Euro não  é honesto,não é moderno,quer um país atrasado...
    Não vale a pena perder tempo com Daniel Bessa,que é daqueles que viveu e vive das várias sinecuras do Estado,encostado aos poderes e certamente enquanto foi ministro da Economia terá tido oportunidade para fazer alguma coisa pelo país e não fez.
    Vamos aos factos:A economia portuguesa e o Euro.Portugal desde que aderiu ao Euro não teve crescimento económico.Este é um facto.Portugal desde que aderiu ao Euro não ficou mais competitivo,pelo contrário,ficou menos competitivo,este é outro facto.Portugal desde que aderiu ao Euro não aumentou as exportações.Mais um facto.A adesão de Portugal ao Euro só fez aumentar o Estado e o sector pouco produtivo da economia-construção e imobiliário.
   Estes são os factos resultantes da adesão ao Euro.O resto são conversetas baseadas em raciocínios não comprovados.
  Acresce que Portugal sempre existiu sem Euro.Bem e mal.Os grandes booms do crescimento da economia portuguesa que tornaram o país num país rico aconteceram antes do Euro.Sim,Portugal é um país rico e houve um "milagre português",como houve o japonês ou o coreano.Esses booms aconteceram entre 1950 e 1997 (com algumas interrupções é certo; e o período de "ouro"foi entre 1950 -1973. O boom foi mais acentuado antes do 25 de Abril).Mas,entre 1950 e 1997 a taxa média de crescimento foi de 4% ao ano.Não foi preciso Euro para que tal acontecesse.Pelo contrário,a introdução do Euro acabou com esse crescimento(houve outros factores,mas o Euro é importante).Ademais,há que referir que  há várias formas de estabilizar uma moeda nacional.Basta lembrar o trabalho que foi em Portugal para estabilizar a moeda a partir de 1922.
 Por isso,pergunta-se,Daniel Bessa sabe do que fala?


sexta-feira, 31 de maio de 2013

Desemprego na Europa e Portugal.

 Atenção,o desemprego na Europa começa a aumentar consistente e ameaçadoramente.Veja-se notícia de hoje da BBC.Não se pode afirmar que a culpa é directamente da moeda única,do Euro.Mas,pode-se afirmar que alguma da responsabilidade,ou toda,é da política de austeridade que está a ser imposta à zona Euro e à falta de flexibilidade das políticas económicas nacionais.E assim,indirectamente,o Euro é responsável pelo desemprego porque retirou aos países a capacidade de terem políticas monetárias e cambiais próprias,e agora também políticas fiscais.Ao entregar-se toda a condução económica ao Banco Central e a um Directório dirigido pela Alemanha,retirou-se a flexibilidade nacional.A capacidade de combater o desemprego em cada país.O governo português não combate o desemprego em Portugal  porque não tem qualquer instrumento para isso.Não é uma questão de sadismo ou de neo-liberalismo.Nada disso.O governo português não combate o desemprego porque não pode.Não tem como.Essa é a realidade.E essa realidade advém da entrada no Euro e da perda imediata da soberania monetária e da capacidade para ter política monetária e cambial ( e fiscal como se está a ver).
  E o Desemprego ,a par com a inflação são os fenómenos económicos perigosos.Maus.É muito mais importante combater o desemprego do que equilibrar o déficit.Porque muito desemprego pode implicar uma revolução e o fim de um regime.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Um Plano Rígido sem Euro.A Inglaterra.

  Nem tudo o que vem de Inglaterra é bom,nem tudo o que os ingleses fazem é bem feito.Mas,eles têm uma vantagem:cultivam o espírito crítico e a discussão aberta dos problemas.Assim,é interessante ver o que tem acontecido à economia inglesa nos últimos anos.
  Também eles desde que a coligação conservadora-liberal assumiu o poder optaram, através do seu chanceler(ministro da finanças)George Osborne, por um rígido plano de austeridade do Estado.Cortaram ordenados,despediram funcionários públicos e enviaram a Inglaterra para duas pequenas recessões seguidas.Parece um plano idêntico ao português(nalguns aspectos mais drástico-despedimentos )mas tem muitas diferenças.E essas diferenças ligam-se à moeda.O plano inglês era simples:por um lado extrema austeridade orçamental,por outro expansão da moeda.Isto é,ao mesmo tempo que se cortavam despesas e aumentavam as receitas com vista a diminuir o déficit,emitia-se moeda,colocava-se mais dinheiro a circular na economia,a isto chamou-se Quantitative Easing.Esta dupla política só foi possível porque os ingleses não estavam no Euro e não precisaram de autorização de ninguém,a não ser dos resultados das eleições parlamentares.
  Não tem sido fácil o trilho inglês e também muitas dúvidas tem levantado.Mas,hoje surgem alguns resultados:O déficit que estava num pico de 11% está em 7,8%.Os juros da dívida soberana a 5 anos é de 0,95%.A inflação é mínima 2,4%(ao contrário do que os alemães acham que acontece quando de emite moeda).E a economia está finalmente a crescer.
 Não é o Eldorado,mas parece ser uma política sensível e balanceada de austeridade com crescimento.Um exemplo a atentar e seguir com  muita atenção.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Paul Krugman e a economia portuguesa.


Transcreve o Expresso o recente artigo Paul Krugman acerca da economia portuguesa.Krugman  fala da questão da saída do Euro e, sobretudo, refere que é essencial uma política monetária expansionista e que a cura para estas recessões já é conhecida há décadas.

  Defendo o mesmo no meu livro recente(passe a imodéstia) que foi apresentado na FNAC este mês de Maio. A saída da crise tem que assentar numa política monetária expansionista que por sua vez resulta de um aumento da massa monetária a ser efectuada pelo Banco Central Europeu e abaixamento dos impostos por parte de Governo.

  A síntese do que Krugman disse,segundo o Expresso:

  "O prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, sublinhou hoje que Portugal vive um "pesadelo" económico-financeiro e questionou como é suposto ultrapassar problemas estruturais, igualmente existentes em outros países, "condenando ao desemprego" milhares de trabalhadores.
    Não me digam que Portugal tem tido más políticas no passado e que tem profundos problemas estruturais. Claro que tem, e todos têm, mas sendo que em Portugal a situação é mais grave que em outros países, como é que faz sentido que se consiga lidar com estes problemas condenando ao desemprego um grande número de trabalhadores disponíveis?",O prémio Nobel da Economia comentava no seu blogue um artigo hoje publicado no jornal "Financial Times" sobre as condições "profundamente deprimentes" em Portugal, centrando-se na situação de empresas familiares, que foram até agora o núcleo da economia e da sociedade do país.Para Paul Krugman, a resposta a estes problemas "conhecidos há muitas décadas", reside numa política monetária e orçamental expansionista. 
"Mas Portugal não pode fazer as coisas por conta própria, porque já não tem moeda própria. 'OK' então: ou o euro deve acabar ou algo deve ser feito para fazê-lo funcionar, porque aquilo a que estamos a assistir (e os portugueses a experimentar) é inaceitável".
O economista defende uma expansão "mais forte na zona do euro como um todo", "uma inflação mais elevada no núcleo europeu", tendo em mente que o Banco Central Europeu (BCE), assim como a Reserva Federal Americana, são contra taxas de juro próximas de zero.
"Pode e deve tentar-se aplicar políticas não convencionais, mas é preciso tanta ajuda quanto possível ao nível da política orçamental e não uma situação em que a austeridade na periferia é reforçada pela austeridade no núcleo", frisou.
Mas pelo contrário, reforçou, aquilo a que se tem assistido nos últimos três anos é a uma política europeia "focada quase que inteiramente nos supostos perigos da dívida pública". 
"O importante agora é mudar as políticas que estão a criar esse pesadelo", concluiu."

  Aqui está. 




domingo, 26 de maio de 2013

Euro-política acima da economia.A adesão de Itália.

    Os poucos beneficiários do Euro em Portugal foram os banqueiros que usam gravatas Hermès e as compram em Paris, Madrid e Lisboa. Passaram a conseguir facilmente comparar os preços.
  Um dos erros mais dramáticos de política económica dos últimos anos foi o da adesão de Portugal ao Euro nas condições em que tal foi feito e o unanimismo que quiseram (e conseguiram) criar à volta desse “desígnio nacional”,quando qualquer um veria que era um disparate, nos termos em que foi feito. A adesão ao Euro não foi uma decisão de racionalidade económica, foi uma decisão política.Aliás, ainda recentemente a abertura dos arquivos do governo alemão referentes aos anos de 1994-1998 demonstram que  o governo liderado por Helmut Kohl estava perfeitamente ciente que a Itália não tinha condições económicas e financeiras para aderir ao Euro, mas decidiu essa adesão baseados em critérios basicamente políticos. O
embaixador da Alemanha em Itália à época confirma que existiu uma “flexibilidade construída” entre os decisores políticos quando se tratava da aplicação dos critérios de Maastricht. E da leitura dos vários documentos alemães vê-se claramente que havia a noção que a Itália não tinha capacidade para aderir ao Euro e que as suas contas estavam maquilhadas.No entanto, Kohl decidiu por razões políticas fazer entrar a Itália. Aliás, é bem provável que tal tenha acontecido em outros casos como Portugal.

Notícias breves.

 Hoje ultrapassámos as 2000 visitas! Ao fim de 20 dias de actividade.Esta uma boa notícia.


Vale a pena ler o The Economist desta semana,em especial o artigo sobre o Euro e a Economia Europeia-The Sleepwalkers.Alguém (os políticos que nos governam e as oposições ditas responsáveis)anda a brincar com o fogo e não sabe o que faz.Acredito que haverá um momento em que Portugal e muitos outros só poderão sair do Euro se quiserem salvar alguma coisa.
  Não é importante saber se Miguel Sousa Tavares chamou palhaço ao Presidente da República,
  Não é importante saber se Passos Coelho anunciou mais uma flexibilização do deficit,
  Não é importante saber se a CGTP teve mais ou menos gente na manifestação em Belém,
  Não é importante saber se o Benfica ganha a Taça,
A única coisa que é importante é parar,pensar e sair do Euro.
  

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O futuro do Euro e as vitórias de Gaspar.

  É uma verdade que ao nível dos mercados financeiros e da balança comercial,Vítor Gaspar tem tido algumas vitórias.Embora também seja verdade que a estabilização do Euro,a baixa das taxas de juro das obrigações soberanas portuguesas e um certo retorno aos mercados tenham mais intervenção de Draghi,Presidente do Banco Central Europeu do que do nosso ministro das Finanças.Mas,este fez o que lhe era pedido.Também é verdade que a redução dos desequilíbrios da balança comercial se deve à redução do investimentos e consumos internos e não a qualquer fulgor exportativo ou papel apreciável de Gaspar.E em termos de deficit orçamental,ninguém pode dizer o que se passa...se há sucesso ou insucesso.Parece,no entanto,uma situação descontrolada.
  Mas,com mais Gaspar ou menos Gaspar, ao nível dos mercados financeiros internacionais nota-se uma melhoria em relação a Portugal. No entanto,há um problema que subsiste.E é um problema que já vem de 2000.E continua.E é o âmago da crise.Esse problema é o da falta de crescimento da economia.
  Não adianta ter vitórias financeiras se a economia não cresce.E aqui entramos numa questão política,que não tem nada a ver com Gaspar.A economia não cresce por causa do Euro(entre outros factores fundamentais).Porque entrámos com uma taxa sobrevalorizada para o Euro.Porque não constituímos uma Zona Monetária Óptima com os outros países do Euro.
  Portanto, Gaspar até pode ter vitórias financeiras.Gaspar até pode voltar aos mercados,mas o problema que existia 10 anos antes dele,vai continuar...e assim como haverá apoio político para continuar no Euro.Quem quer ter uma moeda que é um travão ao crescimento?

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O fim do Escudo e as suas consequências.

    Com a substituição do Escudo pelo Euro – que ocorreu entre 1 de Janeiro de 1999 a 1 de Janeiro de 2002 – a economia portuguesa  foi emparedada por políticas económicas que lhe foram muito prejudiciais. A política monetária ficou entregue na sua quase totalidade ao Banco Central Europeu. Só que este não conseguiu ter uma política diferente para cada um dos países que se encontravam  em ciclos económicos diferentes.Já em 2005 Rosemary Radcliffe (ex-economista-chefe da PriceWaterhouseCoopers) ilustrou estes problemas de forma muito clara numa conferência premonitória proferida em Lisboa.De acordo com Radcliffe, na época, Portugal necessitaria de ter uma taxa de juro de 0,5% a 1,5%, enquanto a Grécia precisava de 5%.E a que estava a ser aplicada era Europa de 2%.O que era muito para Portugal coibindo-lhe qualquer crescimento económico significativo através de baixas taxas de juro e pouco para a Grécia, sobreaquecendo a sua economia. Aliás viu-se o resultado desse sobreaquecimento na Grécia…Se Portugal se confrontou com uma política monetária que lhe era adversa e impedia o crescimento sempre poderia adoptar uma política fiscal pró-crescimento, uma vez que não perdera a sua soberania fiscal. Poderia sempre através do orçamento atenuar (aumentando a despesa ou baixando os impostos) os efeitos de políticas monetárias adversas. O problema é que países com finanças públicas débeis como Portugal entraram no Euro por um triz, cumprindo os chamados critérios de Maastricht sem grande margem e por isso mesmo sem amplitude de manobra orçamental. Se pensarmos, desde 2002 que o objectivo da política económica dos governos portugueses foi só um: reduzir o deficit, lançando a economia numa estagnação quase secular. Basta lembrar o infeliz discurso da “tanga”(em 2002) de Durão Barroso  que num clima de crescimento anémico resolveu deprimir a economia anunciando restrições orçamentais, matando qualquer “animal spirits” que existisse no empresariado, utilizando a feliz imagem de Keynes.
   Não há qualquer dúvida que o fim do Escudo é uma das causas principais(embora não a única)da estagnação em que estamos desde 2000.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Um referendo sobre o Euro?

  Com alguma surpresa verifiquei que este BLOG,bem como as referências que lhe são feitas no FACEBOOK do Tomate-emagazine de ideias políticas e culturais  (tomateemagazine@hotmail.com) estão a ser lidos por milhares de pessoas.Calculo que entre as 1.500 e as 10.000.Isto em pouco mais de duas semanas.E sem referências mediáticas.Também,verifiquei que são recebidos muitos comentários.Desses comentários,a larga maioria é contra o Euro.Também,em conversas tenho percebido o mesmo sentimento.O que concluo é que muito provavelmente a permanência no Euro já não conta com o consentimento da população.Este é um assunto que deveria ser levado a sério pelas elites que nos governam (mal).É possível obrigar uma população a ter uma moeda que não deseja?É possível impor essa moeda,quando já não há adesão?
   Acredito,que muito em breve depararemos com a questão da permanência no Euro de forma muito frontal.
   Talvez seja tempo de começar a pedir um referendo sobre a permanência no Euro.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Dois livros sobre a saída do Euro.


Há dois livros sobre a saída do Euro.O meu publicado em Janeiro de 2013 que representa uma visão de direita liberal e anárquica (o que quer que isso seja...) e fora do sistema. E o do Professor João Ferreira do Amaral publicado em Abril de 2013 que representa uma visão que simultaneamente é de esquerda e de dentro do sistema político dominante.Aliás, este livro tem tido ampla cobertura mediática,enquanto que o meu teve somente o interesse do DIABO e do ABC espanhol.A sugestão que se deixa é  ler os dois...

Euro e poder político.Erros de concepção.


Jacques Delors,aquele que foi o mais poderoso Presidente da Comissão Europeia,antes das nulidades que por lá andam,recentemente em entrevista ao jornal inglês Daily Telegraph referiu que o aspecto político fundamental para o sucesso do Euro era o reforço central dos poderes da União Europeia para controlar os desempenhos financeirosdos países. A falta de órgãos políticos centrais europeus com poderes efectivos foi para Delors a grande falha do Euro. Delors argumenta que o Euro esteve defeituoso desde o início pois faltaram poderes europeus centrais para coordenaram as políticas orçamentais dos Estados o que permitiu a alguns países incorrerem em deficits insustentáveis. E acrescenta nessa mesma entrevista que houve uma falha dos líderes europeus de então na execução da construção do Euro porque não quiseram ver as fraquezas fundamentais e desequilíbrios das economias de alguns Estados aderentes.
  Acrescentando que os ministros das Finanças não se quiseram confrontar com nada de desagradável que exigisse uma resolução firme.
   O ponto básico é o seguinte: uma moeda forte e estável tem que ter como suporte um poder estável e forte.
  Se não tem poder não sobreviverá. A moeda romana só sobreviveu enquanto sobreviveu o Império romano. Quando este se tornou fraco e entrou em decadência foi substituída pela troca directa. Há uma ligação entre poder político e moeda. Sem se perceber quem é o poder não há moeda.

   Não disse Delors, mas eu acrescentaria também, que países como Itália, Grécia ou Portugal não tinham condições económicas mínimas para aderir ao Euro. Além de um erro político na concepção do Euro, também há uma deficiência económica profunda na sua estruturação.
  Dois erros no Euro-falta de poder político e falta de capacidade económica de alguns países.

domingo, 19 de maio de 2013

Os primeiros 15 dias.

  Este blog teve 1645 visitas nas suas duas primeiras semanas.É uma média diária superior a 110 pessoas.Também tem gerado muitos comentários no Facebook,na página do Tomate-emagazine de ideias políticas e culturais.


sábado, 18 de maio de 2013

Não há Euro sem emigração.

   Tem sido mediaticamente tratada até à exaustão e com a demagogia e falta de preparação habituais a leva de emigração portuguesa nestes anos que correm.Todos os dias temos notícias de portugueses que deixam Portugal para ir trabalhar noutro país.Esta saída tem sido tratada como uma tragédia e gerado o maior escândalo.
   Só a ignorância e a falta de seriedade dos governantes (anteriores, que aderiram ao Euro)alimenta este alarmismo.Quem soubesse alguma coisa de uniões monetárias saberia que a mobilidade do trabalho  é fundamental para o sucesso de uma moeda única.A partir de um momento que não é possível ter uma política económica específica para Portugal,outra para a Alemanha e outra para Malta, é imperioso encontrar soluções flexíveis.A impossibilidade de políticas económicas diferentes para cada país implica que tenham que ser as pessoas a procurar as diferenças.Assim,se há desemprego jovem em Portugal,mas não há na Alemanha,a teoria diz que os jovens portugueses deviam emigrar para a Alemanha e encontrar lá trabalho.É assim que está previsto o funcionamento de uma moeda única.Há uma deslocação das populações para mitigar a rigidez das políticas económicas.
    Obviamente,tal não foi explicado e por isso gera-se este desconforto com a nova emigração portuguesa.
    Mal,estão aqueles ( e que são a maioria ) que não conseguem emigrar.Ou porque não falam alemão ou porque na realidade a mobilidade na zona Euro não é assim tão grande.
   Assim,não restem dúvidas:a permanência no Euro implica automaticamente a disponibilidade para a pessoa se mover de um país para o outro (como aliás acontece entre os Estados dos Estados Unidos da América).O negativo é essa mobilidade não existir assim tanto,no final de contas.
    

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Música Europeia eterna.Bach.

Bach é o músico que mais perto do céu nos faz chegar e   representa o melhor da Alemanha e da Europa.
Ouçamos o Concerto Brandenburg n.º1.





 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Notícias do Euro.

   A zona Euro está em recessão.Não é só Portugal que está em recessão (ver The Guardian).Esta crise poderá ter muitas causas.Mas,uma certamente estará ligada aos desiquilíbrios trazidos pelo Euro.
   Mas,a Alemanha mantém-se determinada em não aligeirar a pressão e a não permitir um alívio monetário.A única forma de sair da crise rapidamente.(ver Der Spiegel).
   A rigidez no combate à Crise implicará que surjam quebras e falhas que em última análise poderão ser caóticas.

A questão alemã.


No século XVII, Richelieu (1585-1642), o cardeal católico primeiro-ministro francês, apoiava os exércitos protestantes alemães que combatiam os católicos alemães.O cardeal francês fazia isso para manter a Alemanha dividida e fraca. A política externa Europeia, durante séculos, teve como uma das suas constantes a manutenção de uma Alemanha dividida, porque sempre se soube que uma vez unida era demasiado grande e poderosa para os restantes países do continente Europeu.
   O chanceler prussiano Bismarck (1815-1898) teve que vencer militarmente os franceses em Sedan (1870) para unificar a Alemanha.A  política de unificação alemã no século XIX teve duas fases.A primeira económica com a famosa Zollverein (unificação aduaneira e económica) a segunda militar e diplomática,que foi apelidada pelo próprio Bismarck de "sangue e ferro".Portanto,a partir de certo momento os alemães optaram pela força para obter a sua unificação.E com um misto de força e "realpolitik" desenvolveram a sua política futura que culminou nas duas Guerras Mundiais. Há quase uma causa-efeito histórica, já abordada claramente pelo historiador inglês A. J. P. Taylor no seu controverso livro The Origins of Second World War que coloca Hitler como um seguidor de uma certa tradição germânica que a quer tornar a principal potência Europeia.
    Determinadas circunstâncias objectivas tornam a Alemanha um perigo para o resto da Europa. Essas circunstâncias são fáceis de ver: um país enorme e muito rico no centro da Europa, com uma população maior, uma economia dinâmica e um povo trabalhador e industrioso. Só com muitas laços restrições, como
foi feito após a Segunda Guerra Mundial, especialmente através da criação da CEE (Comunidade Económica Europeia), se consegue controlar a tradicional e natural a pulsão alemã.
     Actualmente, é observável um movimento que começou com o chanceler Kohl, mas foi muito acentuado por Schroeder (talvez por acidente) em que a Alemanha se liberta dos espartilhos impostos pela Segunda Guerra Mundial. Não se espera uma invasão militar. Mas não existam dúvidas que os diktats económicos serão constantes, e a unificação Europeia, será uma unificação Alemã.

terça-feira, 14 de maio de 2013

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O euro e a modernidade.

   Muitos intelectuais do regime,como Henrique Monteiro ou Rui Ramos,têm tratado com desprezo aqueles-poucos-que se têm pronunciado pela saída do Euro afirmando que são facilitistas e estão a desistir da modernidade.O argumento é mais ou menos o seguinte:o Euro é o passaporte para um Portugal moderno,com futuro,com ambição,integrado na Europa.É a via para escaparmos do passado atávico e atrasado.Portanto,quem é moderno e quer futuro para Portugal está com o Euro,quem é antiquado e não quer futuro para Portugal está contra o Euro.
   Este argumento é forte e interessante,mas não é verdadeiro.Euro e modernidade não são conceitos idênticos.Pelo contrário,é um argumento que faz lembrar outro a propósito de outra ideia moderna-o comunismo na União Soviética nos anos 1920s.Também aí o comunismo soviético era apresentado como a alvorada da nova humanidade.O repórter americano Lincoln Steffens embriagado pela modernidade soviética proclamou " I have seen the future, and it works"referindo-se à União Soviética...Que futuro! Que belo funcionamento,milhões de vidas perdidas depois!
   Aqui em Portugal,Ramos e Monteiro também viram o futuro e acham que funciona.
  O problema é que desde que aderiu ao Euro, Portugal não teve presente,quanto mais futuro.A economia não cresceu.O Estado cresceu e faliu.O bem-estar que tinha sido conseguido com saltos de expansão nos anos 1960-1970 e 1985 e seguintes parou e tortuosamente estrangulou-se.Entre 2001 e 2010 a economia cresceu 0,7% em média.Isto é,nada!E o comportamento das exportações não foi melhor.Não houve acréscimos significativos de comércio.Apenas o Estado, a Banca e as Construtoras ( e negócios afins) beneficiaram da liquidez aparente trazida pelo Euro.Não houve modernidade( o que quer que isso seja).Portanto,os factos,sempre os factos, demonstram que o futuro não funciona.O Euro não funciona em Portugal.Pelo menos,assim.

sábado, 11 de maio de 2013

O mais importante juiz quer sair do euro.

 Noronha do Nascimento afirmou hoje ao Expresso que Portugal deve sair do Euro,acompanhado por outros países do Sul e também falou do perigo trazido pelo ressurgimento prussiano.
 Noronha do Nascimento é juiz e Presidente do Supremo Tribunal de Justiça.É o mais importante juiz do país.As afirmações dele são muito importantes por vários motivos:
  1-O Presidente do STJ é uma pessoa inteligente e que pensa e não um desses borra-botas que andam para aí a falar sobre tudo.
  2-É a quarta figura do Estado e lidera um dos poderes do Estado-o poder judicial.Nessa medida,é a primeira vez que um dirigente da República Portuguesa defende a saída do Euro.
  
  Com muita imodéstia chamo a atenção para o meu livro "Helicópteros com Dinheiro-Sair do Euro,da Crise e Mudar o Estado" em que defendo exactamente o mesmo.A saída do Euro acompanhada pelos países do Sul (p.46 e 47) e a Questão alemã( p.66-67).

3 dias,600 visitas.

   O blog Sair do Euro começou bem.Em 3 dias,tivemos mais de 600 visitas.Obrigado.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Os Comediantes

   Os Comediantes são pessoas como Manuela Ferreira Leite , Jorge Miranda ou Bagão Félix que querem tudo e não explicam nada.Querem ficar no Euro,querem cumprir a Constituição,não querem austeridade,não querem baixar salários,não querem baixar preços,não querem mais impostos?Será que não percebem que umas coisas contradizem as outras.
     Para ficarmos no Euro temos que diminuir o diferencial de competitividade com a Europa (temos que fazer mais com menos),para diminuir esse diferencial(em pouco tempo)temos que realizar a chamada "desvalorização interna"-baixar salários,preços e cortar despesa.Caso contrário,como ficamos no Euro?Só com um financiamento constante dos outros-( que já disseram que não estão dispostos)...
    As alternativas com que deparamos são duras e penosas.Baixar o diferencial de produtividade (com cortes ,baixas de preços e -sim-mudança da Constituição)ou sair do Euro.O resto é uma comédia.

Novos problemas estruturais na Economia Portuguesa e o Euro.

 A união de uma economia com outras pode ser perigosa quando os recursos libertados ou não são utilizados ou são utilizados em sectores protegidos e ineficientes e quando a generalidade dos bens que é produzida no estrangeiro unido é mais barata.
   O país deixa de produzir quase tudo, fazendo apenas aquilo que não é transaccionável, que não pode ir buscar ao estrangeiro.Foi o que aconteceu a Portugal.O imobiliário, em que assentou boa parte da economia portuguesa nos últimos anos é um exemplo típico do afirmado. Desde 1990 baixou abruptamente o número de pessoas empregadas nas pescas e indústrias, enquanto na as empregadas na construção e imobiliário subiram. Em 1990 havia cerca de 210.000 trabalhadores no sector da construção enquanto em 2009 havia 472.000. E na área imobiliária em 1990 havia 74.000 empregadas e em 2008 637.000.
 Os ganhos de emprego no sector privado provenientes da integração deram-se essencialmente na construção e imobiliário, enquanto em actividades directamente produtivas o número de empregados baixou.
  Ao mesmo tempo é de realçar as subidas grandes de emprego em Educação e Saúde, sectores públicos em que o Estado investiu fortemente, com resultados discutíveis (pelo menos na Educação).
  Isto quer dizer o quê? Quer dizer que foram os sectores não transacionáveis e o Estado que se expandiram com a integração económica . 
  Houve um acantonamento da economia portuguesa e uma fuga à concorrência.Agora há uma economia distorcida e um Estado torto que não aguentam a disciplina imposta pelo Euro.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A questão da política monetária europeia.

 O problema que se está a colocar,muito grave,é o da quebra entre as decisões de baixa das taxas de juro do Banco Central Europeu e as economias reais do Sul.Quando um Banco Central baixa a taxa de juro,tal deveria implicar um aumento do crédito na economia real e da massa monetária com o correspondente estímulo.Ora,isso não está a acontecer em relação aos países do Sul.Sendo a moeda única,surgem distinções subtis.Ver o artigo no Economist que explica muito bem a situação.

Expresso:Henrique Monteiro.A favor do Euro.

  Bom artigo,este de Henrique Monteiro do Expresso a favor do Euro.Não há dúvida que a questão é muito política.Mas,a economia?

Porque surgiu o Euro?

 O Euro foi a condição que François Miterrand Presidente da República Francesa colocou a Helmut Kohl para aprovar a unificação alemã.Pensava Miterrand que com uma moeda única ataria os ímpetos tradicionais germânicos.No fundo,quis repetir o desenho da CECA,a Comunidade do Carvão e Aço realizada entre a Alemanha e a França após a II Guerra Mundial.A CECA foi feita para se colocar em comum as duas matérias primas motoras da guerra de então-o carvão e o aço e evitar-se mais guerras entre a França e a Alemanha,submetendo-se as matérias primas alemãs a uma supervisão comum.
 Este o fundamento político do Euro,e que é mais importante que o fundamento económico.