quinta-feira, 23 de maio de 2013

O fim do Escudo e as suas consequências.

    Com a substituição do Escudo pelo Euro – que ocorreu entre 1 de Janeiro de 1999 a 1 de Janeiro de 2002 – a economia portuguesa  foi emparedada por políticas económicas que lhe foram muito prejudiciais. A política monetária ficou entregue na sua quase totalidade ao Banco Central Europeu. Só que este não conseguiu ter uma política diferente para cada um dos países que se encontravam  em ciclos económicos diferentes.Já em 2005 Rosemary Radcliffe (ex-economista-chefe da PriceWaterhouseCoopers) ilustrou estes problemas de forma muito clara numa conferência premonitória proferida em Lisboa.De acordo com Radcliffe, na época, Portugal necessitaria de ter uma taxa de juro de 0,5% a 1,5%, enquanto a Grécia precisava de 5%.E a que estava a ser aplicada era Europa de 2%.O que era muito para Portugal coibindo-lhe qualquer crescimento económico significativo através de baixas taxas de juro e pouco para a Grécia, sobreaquecendo a sua economia. Aliás viu-se o resultado desse sobreaquecimento na Grécia…Se Portugal se confrontou com uma política monetária que lhe era adversa e impedia o crescimento sempre poderia adoptar uma política fiscal pró-crescimento, uma vez que não perdera a sua soberania fiscal. Poderia sempre através do orçamento atenuar (aumentando a despesa ou baixando os impostos) os efeitos de políticas monetárias adversas. O problema é que países com finanças públicas débeis como Portugal entraram no Euro por um triz, cumprindo os chamados critérios de Maastricht sem grande margem e por isso mesmo sem amplitude de manobra orçamental. Se pensarmos, desde 2002 que o objectivo da política económica dos governos portugueses foi só um: reduzir o deficit, lançando a economia numa estagnação quase secular. Basta lembrar o infeliz discurso da “tanga”(em 2002) de Durão Barroso  que num clima de crescimento anémico resolveu deprimir a economia anunciando restrições orçamentais, matando qualquer “animal spirits” que existisse no empresariado, utilizando a feliz imagem de Keynes.
   Não há qualquer dúvida que o fim do Escudo é uma das causas principais(embora não a única)da estagnação em que estamos desde 2000.

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