segunda-feira, 27 de maio de 2013

Paul Krugman e a economia portuguesa.


Transcreve o Expresso o recente artigo Paul Krugman acerca da economia portuguesa.Krugman  fala da questão da saída do Euro e, sobretudo, refere que é essencial uma política monetária expansionista e que a cura para estas recessões já é conhecida há décadas.

  Defendo o mesmo no meu livro recente(passe a imodéstia) que foi apresentado na FNAC este mês de Maio. A saída da crise tem que assentar numa política monetária expansionista que por sua vez resulta de um aumento da massa monetária a ser efectuada pelo Banco Central Europeu e abaixamento dos impostos por parte de Governo.

  A síntese do que Krugman disse,segundo o Expresso:

  "O prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, sublinhou hoje que Portugal vive um "pesadelo" económico-financeiro e questionou como é suposto ultrapassar problemas estruturais, igualmente existentes em outros países, "condenando ao desemprego" milhares de trabalhadores.
    Não me digam que Portugal tem tido más políticas no passado e que tem profundos problemas estruturais. Claro que tem, e todos têm, mas sendo que em Portugal a situação é mais grave que em outros países, como é que faz sentido que se consiga lidar com estes problemas condenando ao desemprego um grande número de trabalhadores disponíveis?",O prémio Nobel da Economia comentava no seu blogue um artigo hoje publicado no jornal "Financial Times" sobre as condições "profundamente deprimentes" em Portugal, centrando-se na situação de empresas familiares, que foram até agora o núcleo da economia e da sociedade do país.Para Paul Krugman, a resposta a estes problemas "conhecidos há muitas décadas", reside numa política monetária e orçamental expansionista. 
"Mas Portugal não pode fazer as coisas por conta própria, porque já não tem moeda própria. 'OK' então: ou o euro deve acabar ou algo deve ser feito para fazê-lo funcionar, porque aquilo a que estamos a assistir (e os portugueses a experimentar) é inaceitável".
O economista defende uma expansão "mais forte na zona do euro como um todo", "uma inflação mais elevada no núcleo europeu", tendo em mente que o Banco Central Europeu (BCE), assim como a Reserva Federal Americana, são contra taxas de juro próximas de zero.
"Pode e deve tentar-se aplicar políticas não convencionais, mas é preciso tanta ajuda quanto possível ao nível da política orçamental e não uma situação em que a austeridade na periferia é reforçada pela austeridade no núcleo", frisou.
Mas pelo contrário, reforçou, aquilo a que se tem assistido nos últimos três anos é a uma política europeia "focada quase que inteiramente nos supostos perigos da dívida pública". 
"O importante agora é mudar as políticas que estão a criar esse pesadelo", concluiu."

  Aqui está. 




5 comentários:

  1. Muito bem.
    Eu só gostaria de fazer dois comentários.
    Continuamente se diz que é preciso crescimento. E no parágrafo seguinte ataca-se ESTE governo. Ora bem , isso não faz sentido. Quem pode injectar mais dinheiro na economia não é o Governo de Portugal. Essa politica espansionista chegou ao limite com Sócrates que foi sempre pedindo emprestado para obter o tal crescimento milagroso. Quem pode injectar dinheiro na economia é a europa..,
    Atacar-se pois este governo pelas politicas de austeridade que são feitas, não é correcto.
    A unica forma de Portugal poder fazer a tal politica monetária expansionista de forma independente é abandonando o euro.

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  2. Ainda hà outro ponto a referir. Não o fiz porque eu nem licenciado sou em economia.., e Krugman é um Nobel. Essa receita Keynesiana de injectar mais dinheiro na economia não foi a receita de Sócrates ? Creio que sim.
    E a coisa não funcionou.
    Com mais dinheiro no bolso ( e menos receio em relação ao futuro ) as pessoas vão comprar mais produtos estrangeiros , aumentando o deficit comercial...,fazer inflacionar os preços das casas..,
    Os problemas da economia dos país manteem-se.

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  3. É certo,uma política monetária expansionista assente na emissão de moeda só pode ser feita pelo Banco Central Europeu.O que o Governo pode fazer é baixar os impostos para aumentar o dinheiro em circulação nas famílias e empresas.A receita de Sócrates -estímulo da economia através de aumento de Despesa do Estado,falhou,como já tinha falhado nos anos 1970/1980 nos países Ocidentais.
    Qualquer política adoptada tem que ser um mix e incorporar vários instrumentos.O grande problema português é que não tem autonomia de política económica,por isso não pode fazer nada.

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  4. Obrigado Rui , pela resposta. Mas baixar os impostos..,como..,se o tribunal não deixou que se diminuissem pensões e salários na função pública ? ( Eu não sou economista mas acho que está tudo um grande imbróglio ).

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  5. Estamos perante aquilo que Isaiah Berlin chamava Tragic Choices.Qualquer decisão tem aspectos maus.A questão é procurar aquela que traga um melhor futuro.Pessoalmente acredito que será aquela que implique que a União Europeia seja um espaço económico e não político e que Portugal tem que dar um passo atrás,para avançar dois (como dizia Lenine).Quanto ao TConstitucional,não percebo o conceito de igualdade que adoptam.Julgava que igualdade era tratar por igual o que é igual e diferente o que é diferente.Mas agora parece que é tudo igual,o igual e o diferente...é estranho.

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