segunda-feira, 20 de maio de 2013

Euro e poder político.Erros de concepção.


Jacques Delors,aquele que foi o mais poderoso Presidente da Comissão Europeia,antes das nulidades que por lá andam,recentemente em entrevista ao jornal inglês Daily Telegraph referiu que o aspecto político fundamental para o sucesso do Euro era o reforço central dos poderes da União Europeia para controlar os desempenhos financeirosdos países. A falta de órgãos políticos centrais europeus com poderes efectivos foi para Delors a grande falha do Euro. Delors argumenta que o Euro esteve defeituoso desde o início pois faltaram poderes europeus centrais para coordenaram as políticas orçamentais dos Estados o que permitiu a alguns países incorrerem em deficits insustentáveis. E acrescenta nessa mesma entrevista que houve uma falha dos líderes europeus de então na execução da construção do Euro porque não quiseram ver as fraquezas fundamentais e desequilíbrios das economias de alguns Estados aderentes.
  Acrescentando que os ministros das Finanças não se quiseram confrontar com nada de desagradável que exigisse uma resolução firme.
   O ponto básico é o seguinte: uma moeda forte e estável tem que ter como suporte um poder estável e forte.
  Se não tem poder não sobreviverá. A moeda romana só sobreviveu enquanto sobreviveu o Império romano. Quando este se tornou fraco e entrou em decadência foi substituída pela troca directa. Há uma ligação entre poder político e moeda. Sem se perceber quem é o poder não há moeda.

   Não disse Delors, mas eu acrescentaria também, que países como Itália, Grécia ou Portugal não tinham condições económicas mínimas para aderir ao Euro. Além de um erro político na concepção do Euro, também há uma deficiência económica profunda na sua estruturação.
  Dois erros no Euro-falta de poder político e falta de capacidade económica de alguns países.

3 comentários:

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    1. Após todos estes anos eis que surge a consciência das desigualdades cambiais, mas:
      Nós não tivemos um resgate.
      A partir do momento em que Estado começou a ter dificuldade de pagar os empréstimos anteriores à Banca, os banqueiros criaram uma forma de garantir que viessem entidades externas avalizar o Estado e "calça-lo" para garantir o pagamento dos empréstimos anteriores.
      A 1.ª razão que levou à assinatura do memorando de entendimento foi garantir o pagamento do empréstimo dos banqueiros.
      Exemplo: se um amigo é viciado no jogo e perde tudo na lotaria e fica sem que comer, o que eu posso fazer é não deixá-lo morrer à fome e emprestar-lhe o possível para sobreviver. Ele fica em débito para comigo e o que eu lhe empresto não é para saldar a dívida para com a entidade da lotaria. Os banqueiros jogaram e levaram as pessoas a jogarem, daí que eu nada tenho a ver com essas dívidas.
      O que me subtraem é para todos os efeitos...um roubo.

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  2. Ainda não está feita a investigação e a história do papel da Banca portuguesa nesta situação toda.Mas,há factos que despontam.A maior parte da dívida pública a partir da crise de 2009 foi tomada pela Banca.Uma espécie de agradecimento aos favores que o governo tinha feito ao complexo finaceiro-construtor durante anos.A determinado momento a Banca portuguesa sentiu dificuldades de financiamento no exterior devido à sua exposição à dívida portuguesa,e virou a casaca indo pressionar fortemente o ministro das Finanças para pedir o resgate.É minha convicção que qualquer saída da crise implica também uma arrumação a sério do sector bancário.

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